PROJEÇÃO

Minas pode perder quase R$ 1 bilhão com queda nas exportações por gripe aviária; entenda cálculo

O valor foi apurado em estudo da Fundação João Pinheiro (FJP), publicado nesta quinta-feira

Por Simon Nascimento
Atualizado em 22 de maio de 2025 | 16:36

Minas Gerais pode perder quase R$ 1 bilhão em receitas com a queda nas exportações de carnes de frango em função do foco de gripe aviária identificado no Rio Grande do Sul na semana ada. O valor foi apurado em estudo da Fundação João Pinheiro (FJP), publicado nesta quinta-feira (22). A pesquisa projetou uma queda entre 8,7% a 27% nas comercializações ao exterior dos pacotes de carnes de frango produzidos no estado. 

Após o caso, identificado em uma granja comercial no Sul do Brasil, 64 países, como China, Emirados Árabes, África do Sul e todos os integrantes da União Europeia anunciaram embargos totais ou parciais à avicultura brasileira. O levantamento da FJP estipulou dois cenários. No primeiro, a entidade estimou 8,7% de redução nas exportações, com uma redução de R$ 279,3 milhões no valor adicionado na economia do estado. 

Este modelo considerou os embargos comerciais já declarados por diversos países como África do Sul, Argentina, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Malásia, México, Uruguai e União Europeia. No segundo cenário desenhado, o impacto é mais severo: 27% de redução nas exportações e queda de R$ 925,5 milhões no valor adicionado estadual. Esses resultados, entretanto, só serão vistos se houver um “embargo total às exportações de carne de aves”. 

Nos dois modelos, os impactos só serão observados caso o cenário de restrições à avicultura nacional se mantenha por um período de um ano, de acordo com a pesquisadora da Coordenação de Análise e Sumoprodutos da FJP, Carla Aguilar. Ela informou que o estudo foi feito levando em consideração os dados de exportações do estado em 2024 para todos os países que têm relações comerciais com o Estado. 

“Esse estudo é uma análise a partir de um overview (visão geral) e uma hipótese de acontecimento em um período prolongado de um ano. A gente não está falando de algo extremamente conjuntural ou de um pequeno período de tempo”, frisou Aguilar. 

‘Marco zero’ 

Nesta quinta, o Ministério da Agricultura e Pecuária informou que finalizou o processo de desinfecção sanitária na área em que o foco da doença, transmitida pelo vírus H5N1, foi identificado. Assim, a data é chamada de ‘marco zero’ pelo governo, que poderá declarar o Brasil área livre da gripe aviária em 28 dias, caso não seja identificado um novo foco neste período. 

Caso a situação seja resolvida dentro dos 28 dias, Carla Aguilar elencou que o impacto ao estado deve ser bem inferior aos cenários desenhados. “E existe sim uma perspectiva de que se resolva. Mas há também uma outra perspectiva que você possa estar em negociação com esses países para que esse embargo aconteça apenas nas regiões que estão sendo acometidas pela gripe aviária. Porque os primeiros cenários que nós utilizamos são de países que suspenderam a compra de todo território nacional”, finalizou a pesquisadora. 

Mercado 

A produção de ovos e o abate de frangos em Minas Gerais apresentaram crescimento nos três primeiros trimestres de 2024, de acordo com a Fundação João Pinheiro, mas houve um pequeno leve recuo no último trimestre. A participação mineira na produção nacional de ovos de galinha e no abate de frangos apresentou tendência de alta ao longo do ano, segundo a pesquisa.