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Festival BH Choro chega à 14ª edição enaltecendo a força das mulheres no gênero
Abre a Roda – Mulheres no Choro e trupe Chorosas são algumas das atrações gratuitas da iniciativa, além do premiado grupo carioca Choro na Rua
Foi a possibilidade de “literalmente moldar o vento” que cativou Alice Valle. Ainda criança, ela apreciava as rodas de seresta e de choro no coreto da praça, em Nova Lima, além das apresentações da Banda União Operária e dos músicos da charanga que tocavam nos antigos blocos de Carnaval da cidade.
“Sou a primeira musicista da família”, conta ela, que há décadas dedica-se à flauta transversal, “um dos instrumentos mais característicos” do gênero que dá as cartas no Festival BH Choro, que, nesta quinta (1), dá início à sua 14ª edição, com programação totalmente gratuita.
Alice sobe ao palco com o grupo Abre a Roda – Mulheres no Choro, formado exclusivamente pela ala feminina, assim como o Chorosas, ambos em sintonia com uma das premissas atuais. “A presença feminina cresce, a olhos vistos, na plateia e no palco. O festival, como não poderia deixar de ser, simplesmente registra este fato. Um terço das atrações desta edição é de grupos integrados somente por mulheres”, ratifica Paulo Ramos, idealizador da empreitada e presidente do Clube do Choro de BH.
Feminina
Criado em 2017 como um coletivo que reuniu diversas instrumentistas da cena local, o Abre a Roda nasceu com “o objetivo de impulsionar a participação e as vivências das mulheres, que, na época, tinham pouco espaço e visibilidade na cena do choro mineiro”. Logo, a iniciativa se tornou “referência e inspiração para muitas musicistas, que, ao longo dos anos, vêm iniciando seus estudos no choro, criando outros grupos e frequentando cada vez mais as rodas da cidade”, comemora Alice.
Ela mesma iniciou sua profícua relação com a música ao ser convidada para participar do Grupo de Choro da Escola de Música de Nova Lima, à época coordenado pelo professor Chico Bastos. “Lá vivenciei o gênero profundamente e fiz amigos que tocam comigo até hoje, há mais de dez anos. Tocar choro se tornou parte do cotidiano, e, em 2015, ao entrar na faculdade de música da UEMG, conheci o pessoal da Roda do Padreco, onde também aprendi e toquei durante muitos anos”, rememora.
Bolsista da Orquestra Sinfônica de Nova Lima na adolescência, tudo começou para Alice no coral infantil e na flauta doce aos 9 anos de idade. “Fui me formando como pessoa com a cultura sendo parte principal da vida”, destaca.
Diversidade
Com um repertório composto por números de musicistas da trupe e de compositoras brasileiras, o Abre a Roda promete homenagear Pixinguinha, cuja data de aniversário, 23 de abril, foi instituída como Dia Nacional do Choro. Os arranjos foram pensados para contemplar diversos instrumentos solistas, como flauta, flautim, bandolim, saxofone e bombardino.
“Colocaremos em destaque o choro contemporâneo feito por mulheres junto às raízes do gênero, que também são nossas referências e devem ser amplamente celebradas”, justifica Alice. A partir de pesquisas de Raïssa Anastásia, o Abre a Roda localizou mais de 80 compositoras de choro no Brasil e no mundo, que, junto a criações autorais, irão sustentar um álbum vindouro do grupo.
As presenças do Choro de Minas, da Velha Guarda do Clube do Choro de BH com a participação de Wesley Procópio e do premiado conjunto carioca Choro na Rua, que tem entre seus ases Henrique Cazes, Silvério Pontes, Rogério Caetano e Bebê Kramer, dentre outros, completam o cardápio de atrações. “O festival já se tornou uma tradição na cidade. As pessoas esperam pelo momento do encontro com aqueles que estudam, trabalham, se inspiram e vivem suas vidas pelo choro”, observa Alice.
Patrimônio
Na opinião de Paulo Ramos, o festival carrega no bojo “a necessária demonstração da perenidade do choro como gênero musical, ao colocar a modernidade ao lado da tradição”. “É surpreendente o surgimento de personagens novos, de alta qualidade, com instrumentos não tão comuns ao choro. Assistimos, diariamente, a participação de violinos, oboés e guitarras nas rodas de choro, juntamente aos tradicionais violões, cavaquinhos, pandeiros, flautas e trombones”, enumera ele, chorão convicto e de carteirinha que define essa maneira própria de interpretar sentimentos humanos como “uma música de afeto, de união e participação”.
Em 2024, o choro foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Embora nacional, o gênero segue tendo um cantinho especial na capital mineira.
“Belo Horizonte é a cara do choro. É essa facilidade de encontrar um bar simples em uma esquina, que é o lugar perfeito para ver os amigos e fazer uma roda de choro, ou um quintal nos fundos de uma casinha que transporta as pessoas para uma cidade do interior de Minas. É esse jeito acolhedor dos músicos que gostam muito de trocar ideia com os amigos, seja contando um caso ou com um improviso na hora da música. São essas sutilezas que fazem de BH o cenário próspero para ter rodas todos os dias da semana, como acontece atualmente”, arremata Alice.
Serviço
O quê. 14ª edição do Festival BH Choro
Quando. Desta quinta (1) a sábado (3), às 19h; programação completa no Instagram @bhchoro
Onde. Praça Duque de Caxias, Santa Tereza
Quanto. Gratuito e com ibilidade