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Veja frases impactantes de Sebastião Salgado, que morreu aos 81
Sebastião Salgado falou em seguir trabalhando e rever própria obra em última entrevista a O TEMPO
Fotógrafo nascido em Aimorés, no Vale do Rio Doce, morreu nesta sexta-feira, aos 81 anos

O mundo da fotografia perdeu um de seus maiores nomes nesta sexta-feira (23 de maio): Sebastião Salgado, que, nascido em Aimorés, no Vale do Rio Doce, faleceu aos 81 anos.
Há pouco mais de um ano, o artista e ecoativista falava por telefone com a reportagem de O TEMPO, naquela que seria sua última entrevista ao jornal, quando falou sobre a vontade de seguir trabalhando e situou que, naquele momento, vinha se dedicado a revisitar e organizar o próprio acervo.
A conversa aconteceu em uma segunda-feira (6 de maio), sendo publicada no dia seguinte.
“Estou com 80 anos e, por isso, preciso ter outro ritmo de trabalho. Eu não posso começar, agora, projetos de longo prazo, pois, considerando a expectativa de vida atualmente, há o risco de eu não terminar. Mas isso não significa que eu tenha parado de fotografar”, garantiu ele na ocasião.
A entrevista aconteceu nas vésperas da inauguração de uma exposição retrospectiva com o trabalho do artista, intitulada “50 Anos da Revolução dos Cravos em Portugal” e montada no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.
A mostra marcava um retorno às suas origens, exibindo registros inéditos de 1974, quando ele ainda era um jovem fotógrafo ligado à Agência Magnum. “Essa exposição tem registros de 1974. Era meu início como fotógrafo”, relembrou, destacando como Portugal foi fundamental para seu aprendizado técnico e narrativo. “Aprendi a construir histórias fotográficas lá. Essa exposição tem início, meio, e só não tem um fim porque o fim dela é a continuidade de um país na construção de uma democracia”, detalhou.
Além do valor histórico, a exposição ganhava relevância por seu tema: a luta pela democracia. Salgado, que viveu sob ditaduras no Brasil e em Portugal, não poupou críticas aos retrocessos políticos vividos em todo o mundo nos últimos tempos. “No final do ano ado, nós tivemos quase uma nova ditadura instalada no Brasil”, disse, referindo-se aos eventos de 8 de janeiro de 2023. “Democracia é como um filho. Você tem que tomar conta, senão, não cresce; senão, desanda”, comparou.
O fotógrafo também falou sobre a urgência climática, outro tema que inspirou seu trabalho e sua vida. Com a experiência de quem documentou crises humanitárias e ambientais – como a seca no Sahel, na África, e os deslocamentos massivos retratados em “Êxodos” –, ele alertou sobre a falta de preparo para catástrofes como as enchentes que haviam recém-acometido o Estado do Rio Grande do Sul.
"Nós não antevemos o drama climático que estamos presenciando agora", lamentou, defendendo ações imediatas. Sua preocupação era prática: no Vale dos Aimorés, em Minas, ele liderou um projeto de reflorestamento que levou ao replantio de milhões de espécies.
Consciente da própria relevância, em sua última entrevista a O TEMPO, ele demonstrava que reconhecia e lidava bem com os limites da idade. “Sou possivelmente o fotógrafo que mais trabalhou na história da fotografia em todo o mundo e tenho arquivos incríveis”, disse, explicando que, naquela fase, concentrava-se em rever o próprio acervo – uma forma de revisitar não apenas suas imagens, mas sua própria trajetória.