-
Esposa de MC Poze defende cantor após declaração de facção em prisão
-
Fernanda Campos revela que recusou participar de reality por conta de "cláusula Neymar"
-
Como está Preta Gil? Cantora trata câncer em centro de referência mundial
-
Confira guia completo com festas juninas em BH e região
-
Paulo Cupertino nega ter matado ator de Chiquititas em depoimento
Orquestra Ovo apresenta o inovador concerto “Compositoras em Cinco Movimentos”
Obras de mulheres de diferentes épocas, estilos e nacionalidades são levadas ao palco da Sala Minas Gerais com a presença especial da soprano Melina Peixoto
A empolgação de Werner Silveira é contagiante. Ele escolhe palavras como “encantamento”, “extraordinária”, “brilhante” para falar de seu novo projeto e ficamos imediatamente convencidos. Neste final de semana, o maestro toma a ribalta com a Orquestra Ovo e participação da soprano Melina Peixoto para apresentar o concerto “Compositoras em Cinco Movimentos”, cercado por uma aura de ineditismo.
“Acredito que nunca tenha sido feito um concerto de orquestra só com obras de compositoras mulheres em Belo Horizonte. Estamos acostumados a ir a salas de concerto e ouvir somente obras de compositores homens. Eu quis colocar esse ponto de equilíbrio para que, nos próximos concertos da Ovo, possamos abranger essa diversidade de repertório que representa a própria diversidade da nossa orquestra”, justifica o maestro.
A ideia surgiu há três anos, com uma pesquisa sobre compositoras mulheres na música clássica. Ao revisitar algumas que já conhecia, o horizonte de Werner se expandiu. A qualidade das composições logo fisgou o regente, que privilegiou aquelas de domínio público pela limitação financeira, assim como teve que se concentrar em peças que comportassem o tamanho e o número de músicos de sua orquestra, voltada para a formação de jovens estudantes.
Munido desses critérios, ele encontrou um caminho historiográfico que o fascinou, embora a linha cronológica não tenha sido seguida na ordem que os números serão levados ao público, contemplando, aqui, um aspecto estético. O périplo se inicia com a alemã Fanny Mendelssohn, nascida em 1805, irmã do renomado compositor Felix Mendelssohn, indo do clássico ao romântico.
Ousadia
A sa Cécile Chaminade, de 1857, avança na história com a ousadia de uma suíte de forte apelo imagético originada de um balé em que, segundo o maestro, é “possível imaginar as cortinas se abrindo e as bailarinas de tutu dançando na ponta dos pés”. Com a parisiense Lili Boulanger, de 1893, o impressionismo partilhado com Ravel e Debussy domina a cena e aguça o paladar, com “uma linguagem tão sofisticada quanto a culinária sa”.
A mineira Dinorá de Carvalho, que veio ao mundo em 1895 na cidade de Uberaba, insere a mesma perspectiva folclórica de seu colega de escola Mário de Andrade, a partir de “um imaginário coletivo” que quase se pode tocar com as mãos. “A gente percebe muito o ritmo do batuque, do baião”, assinala Werner. Convidada especial, a contemporânea Maíra Cimbleris, de 1979, comparece de corpo presente com sua música “minimalista, cheia de frescor, que traz até ecos dos Beatles”.
Baseada em “A Ilha da Fada”, de Edgar Allan Poe (1809-1849), que descreve a contemplação do poeta à música inaudível da Natureza, a peça homônima de Maíra replica essa construção narrativa “com uma música contemporânea que não afasta as pessoas, mas, pelo contrário, é agradável”, garante Werner. Ele relembra uma entrevista que leu da mãe de Maíra há cerca de dez anos, a também compositora, arranjadora e regente Cláudia Cimbleris, “em que ela falava sobre a dificuldade de viver de música no Brasil, ainda mais sendo mulher”.
“As coisas estão mudando, mas o número de mulheres regentes e compositoras ainda é bem menor que o de homens. A música sempre esteve à margem da sociedade e para a mulher é pior porque elas foram historicamente privadas do o a vários espaços”, reflete Werner, confiante de que, com o tempo, o cenário “fique mais equilibrado e factível com nossa realidade”.
ando o chapéu
Com projetos aprovados em leis de incentivo nas esferas municipal, estadual e federal que somam mais de R$2,5 milhões, a Orquestra Ovo depende da captação desses recursos para colocar novos concertos de pé, além de um documentário produzido durante a pandemia e premiado em Paris, que eles também pretendem lançar.
A médio prazo, o desejo é consolidar “uma orquestra jovem e estável, que tenha condições de oferecer os ciclos de aprendizagem para os alunos”. “Precisamos seguir captando recursos para nossos planos de manutenção, para termos uma programação anual, com quatro repertórios diferentes e até oito concertos por ano”, idealiza Werner.
Em 2019, a Orquestra Ovo nasceu de “um movimento coletivo e voluntário” que batizou a empreitada a partir da junção do O de orquestra com o VO de voluntário, conta o maestro. “A partir dali já percebemos que a Orquestra tinha fôlego para continuar”, diz.
Com captação direta, “ando o chapéu de empresa em empresa”, a Ovo deu continuidade à sua caminhada musical e manteve o nome que agradou tanto ao público quanto a seus integrantes, com um acréscimo. “Agora somos a Orquestra Ovo, Formação e Transformação, até porque esse conceito também conversa com a ideia de ovo”, finaliza Werner, que começou tocando bateria, e nunca mais parou de estudar.
Serviço
O quê. Concerto “Compositoras em Cinco Movimentos”, com a Orquestra Ovo
Quando. Neste sábado (31), às 18h; e no domingo (1), às 11h
Onde. Sala Minas Gerais (rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto)
Quanto. De R$25 a R$100 pelo site www.ovo.byinti.com