Os Estados Unidos voltaram a vetar, nesta quarta-feira (4), uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pedindo um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
O país, um dos cinco integrantes do órgão com poder de veto, foi o único de todos os 15 membros a votar contra o documento. A resolução foi proposta pelos dez integrantes não permanentes do conselho.
Além de um "cessar-fogo imediato, total e permanente", o texto também exigia que Israel não impeça a chegada de ajuda humanitária no território.
"Os Estados Unidos têm sido claros de que não apoiaríamos qualquer medida que não condene o Hamas e não exija que o Hamas deixe Gaza", disse a embaixadora americana Dorothy Shea em seu discurso antes da votação.
"Esta resolução prejudicaria os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo que reflita as realidades no terreno e encorajaria o Hamas", afirmou.
Em 2 de março, o governo de Binyamin Netanyahu bloqueou a entrada de alimentos e medicamentos para os 2,3 milhões de residentes em Gaza. Após uma suspensão total da ajuda humanitária por 78 dias, o governo de Binyamin Netanyahu flexibilizou a entrada de ajuda diante da crescente pressão internacional.
O veto de Washington, aliado histórico de Israel, ocorre em meio a uma retomada caótica da distribuição de ajuda humanitária realizada por meio da controversa Fundação Humanitária de Gaza (FHG), apoiada por Israel e pelos EUA.
Na terça-feira (3), pelo menos 27 pessoas morreram após soldados do Exército de Israel abrirem fogo perto de um local de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza, de acordo com a Cruz Vermelha. Tel Aviv falou em "tiros de advertência". Nesta quarta a distribuição de auxílio foi paralisada novamente.
Israel vem rejeitando apelos por um cessar-fogo, afirmando que o Hamas não pode permanecer em Gaza.
A FGH disse que pediu ao Exército israelense para "orientar o tráfego de pedestres de forma a minimizar confusão ou riscos de escalada" perto de postos militares. "Nossa principal prioridade continua sendo garantir a segurança e dignidade dos civis que recebem ajuda", afirmou um porta-voz da fundação.
O novo processo de distribuição de ajuda para a população de Gaza a partir de apenas três locais foi lançado em meio a uma nova ofensiva encabeçada por Israel desde o final do mês ado. A ONU e outros grupos que atuam na região dizem que o modelo, que utiliza trabalhadores privados de segurança e logística dos EUA, militariza a ajuda.
Antes da votação do Conselho de Segurança, o chefe de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas, Tom Fletcher, pediu que Israel permita que a ajuda chegue às pessoas em Gaza.
"Abram as agens - todas elas. Deixem entrar ajuda de todas as direções. Suspendam as restrições. Garantam que nossos comboios não sejam retidos por atrasos e negações", disse Fletcher em um comunicado.
Especialistas dizem que toda a população de Gaza está em risco de fome.
A recém-criada GHF disse na terça que distribuiu mais de 7 milhões de refeições desde que iniciou suas operações há uma semana.