Quando um corpo percebe que algo está fora de ordem, ele luta para se estabilizar, o hipotálamo é acionado, e a temperatura sobe. A analogia biológica serve para o atendimento público à saúde. Os recentes casos de agressão a servidores nos postos de saúde e reclamações de usuários atestam que a relação está febril e precisa ser tratada.
Os dados levantados por O TEMPO com a Prefeitura de Belo Horizonte mostram um crescimento de 51% nas agressões em postos de saúde entre 2023 e 2024, chegando a 177. Somente os primeiros quatro meses deste ano já somam 34 registros. Os sintomas são incontestáveis, mas os diagnósticos divergem.
O sindicato dos servidores de saúde apontam falta de pessoal, estrutura precária e falhas de planejamento. A istração municipal afirma que mais de 3.700 nomeações de concursados foram efetivadas desde 2022 e que o edital prevê mais 580 vagas a serem preenchidas por efetivos. Até 2026, 69 unidades de saúde estarão prontas para atendimento na capital, resultado de parcerias público-privadas. E cerca de R$ 1,7 milhão estão sendo investidos na manutenção de seis centros de saúde até o ano que vem – um com obras já iniciadas.
E, na ponta, os usuários se queixam da longa espera por uma consulta que, por vezes, é remarcada sem maiores explicações, além de atendimentos que nem sempre estão à altura da dor que estão sentindo.
Como o que está em jogo é a saúde individual do cidadão e a saúde pública, mais do que buscar culpados, é essencial oferecer soluções. O paciente precisa encontrar um ambiente acolhedor e informações precisas sobre quando será atendido e sobre seu diagnóstico. Funcionários, enfermeiros e médicos merecem e têm o direito de ser tratados com respeito e cortesia para entregar o serviço público de que a cidade precisa. E é necessário observar os resultados dos investimentos públicos.
Isso só se consegue com a construção conjunta de um ambiente de transparência e confiança para que se atinja o resultado ideal para todos: um serviço público de saúde seguro e eficiente.