Grave alerta à democracia
A tentativa de intimidar autoridades dos Poderes é, na prática, um ataque direto ao Estado de Direito, ao equilíbrio entre os poderes e à soberania popular
A descoberta de que os nomes do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes, constavam em uma agenda apreendida com um dos integrantes de um grupo criminoso de espionagem e extermínio representa merece repúdio das instituições democráticas.
O fato veio à tona durante a investigação do assassinato do advogado Roberto Zampieri, conhecido como “lobista dos tribunais”, e expõe as entranhas de um Brasil que ainda luta para se firmar como uma nação plenamente democrática e pacificada.
Nosso regime democrático, embora consolidado na Constituição de 1988, ainda enfrenta constantes ataques de forças que apostam no medo, na violência e na desestabilização institucional. A tentativa de intimidar autoridades dos Poderes Legislativo e Judiciário é, na prática um ataque direto ao Estado de Direito, ao equilíbrio entre os poderes e à soberania popular.
A democracia não se resume ao ato de votar. Ela exige o pleno funcionamento de instituições livres, independentes e protegidas de ameaças internas e externas. Quando autoridades são colocados na mira de organizações criminosas, o que está em jogo é o próprio pacto social que sustenta a República. É a tentativa de subjugar pela força as vozes que representam a Constituição, a lei e os direitos de todos.
O Brasil atravessa um momento delicado, em ano pré-eleitoral, em que se impõe o desafio de pacificar uma sociedade marcada pela polarização, pela desinformação e pela intolerância. Mas a pacificação não se dará às custas da omissão diante de atos criminosos. Pelo contrário, exige rigor na punição, fortalecimento das instituições e compromisso inegociável com os princípios democráticos.
A defesa da democracia, da vida e da paz social é uma tarefa coletiva. Nenhuma sociedade será livre enquanto houver quem ameace seus representantes com violência e terror.