Perda das copas não pode brecar caminho para mudança de patamar do Atlético
Galo perdeu Libertadores e Copa do Brasil, fecha ano em baixa, mas precisa seguir caminho de evolução
Quando o ano de 2012 começou, o Atlético tinha, em seu currículo, apenas quatro participações em 52 anos de disputa da Copa Libertadores, criada em 1960. E, no máximo, uma chegada a uma semifinal, em 1978, quando o regulamento previa dois triangulares nesta etapa. O vice-brasileiro de 2012 deu vaga para a Libertadores de 2013. Doze anos depois, o currículo tem um título, mais dez participações e, agora, uma final perdida. O patamar mudou nesse tempo, mas o salto ainda poderia ter sido maior se tivesse derrotado o Botafogo em Buenos Aires. O clube fecha 2024 com derrotas em finais, mas isso não pode ser impeditivo para que continue aumentando esse patamar.
A outra final perdida foi a da Copa do Brasil, para o Flamengo. Mas vamos voltar um pouco no tempo. Até o mesmo ano de 2012, o Atlético não tinha disputado nenhuma final da competição e somava apenas duas semifinais desde que a competição foi inaugurada, em 1989. Doze anos depois, o Galo já tem quatro finais e dois títulos. Algo mudou.
O atleticano talvez não imaginaria que, 12 anos depois daquele 2012 que começou a mudar a rota, teria no currículo, além dos títulos citados, a reconquista do Campeonato Brasileiro em 2021 e as taças da Recopa em 2014 e da Supercopa do Brasil em 2022. Sem contar os nove títulos estaduais desde 2012.
Foram dois ciclos vitoriosos, o de 2013/ 2014, e um mais recente, iniciado em 2021, além da construção de seu estádio próprio, o que vai ajudar e muito os cofres alvinegros, ainda combalidos.
Nada disso ameniza a dor dos atleticanos que viram o time ser dominado nas duas finais das copas e que está fechando 2024 na parte intermediária do Campeonato Brasileiro e já fora da Libertadores de 2025, um duro golpe para quem imaginava fechar o ano com os títulos de duas copas - lembrando que o campeão da Libertadores se classificaria para dois Mundiais, o Interclubes, ainda neste 2024, e a primeira Copa do Mundo de Clubes, no meio de 2025. Sem falar que jogaria uma Recopa continental. Uma chance especial de reforçar não só o caixa como a marca.
Ano de 2025 que deve ser de Copa Sul-Americana para o Atlético. Menos prestigiada, com premiações mais baixas, apesar de ter ganhado importância nos últimos anos. Além disso, vai começar a jogar a Copa do Brasil nas fases iniciais, ao contrário das temporadas recentes, quando já entrava em uma fase adiantada, o que era um alívio no apertado calendário.
A final da Copa Libertadores em Buenos Aires elevou para 11 o número de jogos seguidos sem vitórias atleticanas, em todas as competições. Se ganhasse, ninguém nem se lembraria das outras dez, mas agora pesou. A opção pelas copas foi um caminho escolhido e com os riscos muito bem entendidos e assumidos.
Algumas lições ficaram depois das duas derrotas nas finais. É preciso ter um elenco mais competitivo. Milito herdou um que foi em parte montado por Felipão e, em parte, por Coudet. Muitas mudanças em pouco tempo. O elenco era curto e as opções nos bancos de reservas dos rivais Flamengo e Botafogo eram superiores. Vai ser preciso planejar 2025 com sabedoria e evitar deixar no ar aquele gosto de um time que fecha 2024 longe de ter boas atuações e rendendo bem abaixo do que poderia.
Qualquer treinador precisa de opções para, dentro do que tem em mãos, mexer taticamente, ter alternativas e possibilidades de mudar jogos. Milito continuando, pode pensar nessa montagem para o ano que vem, dentro do que pode atender sua filosofia de jogo. Saídas acontecerão, a folha pode ser enxugada, mas é importante investir, ser assertivo no mercado, organizar bem o elenco e mirar um retorno à Libertadores em 2026, além de ser mais efetivo no Brasileiro e lutar pela Copa do Brasil.
Nada abaixo disso vai ser suficiente para que o clube, que mudou de patamar, sim, mas que precisa manter um nível para que, no futebol atual, super competitivo e com muitos investindo nos seus clubes, não seja engolido. O patamar cresceu nos últimos anos? Sim, sem dúvida. Agora é criar um novo ciclo e não descer de onde chegou, um clube que disputa títulos.