OPINIÃO

Derrota anunciada zd2k

Quando miramos no cenário que se desenha para 2026, vemos Lula repetir erros de Bolsonaro, colocando-se em especial posição para ser o derrotado pelas urnas 3s6c71

Por Marcio Coimbra
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 | 06:00
 
 
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Lula chegou pela terceira vez à Presidência da República embalado na rejeição colhida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em várias frentes, porém, sobretudo, durante a pandemia. Costumo dizer que Lula não venceu as eleições de 2022, mas Bolsonaro que perdeu, uma frase que explica muito da dinâmica daquela campanha. Quando miramos no cenário que se desenha para 2026, vemos Lula repetir os erros de Bolsonaro, colocando-se em especial posição para ser o derrotado pelas urnas, encerrando sua carreira política.

O presidente chegou ao Planalto a bordo do que se convencionou chamar de “frente ampla”, ou seja, uma união de partidos, líderes e políticos de centro que no ado foram seus adversários, mas que, diante do cenário, preferiram apoiar seu nome. Ao vencer, tinha tudo para construir um governo de coalizão e terminar sua vida política como uma liderança política reconhecida, mesmo que à sombra de seus erros e das comprovações de corrupção que envolvem seus governos, aliados e a si mesmo.

O caminho escolhido, entretanto, foi outro. Lula colocou em prática aquela forma já ultraada de fazer política, acrescentando pitadas de seus antigos vícios, abrindo um espaço demasiado grande para partidos pequenos e um feudo enorme para os petistas. O resultado, é claro, foi um governo disfuncional, sem base no Congresso Nacional, com políticas que se afastaram do centro, mostrando um governo torto, totalmente desconectado dos votos essenciais que lhe entregaram a vitória de 2022.


Essa dinâmica está exposta nas pesquisas de opinião. Atualmente, Lula vive seu pior momento desde que assumiu a Presidência da República em 2003. Sua popularidade despencou para 24%, uma queda de 11 pontos em dois meses, algo inédito. A reprovação de sua gestão também subiu, de 34% para 41%. Sua popularidade caiu 15 pontos entre os mais pobres e foi acentuada também no Nordeste. Tudo isso se torna ainda mais impactante quando 62% da população não deseja ver Lula como candidato à reeleição.

Em seu terceiro governo há um Lula ultraado, seja diante da tentativa de reeditar políticas antigas ou envelopar iniciativas superadas de outrora. Diante de novos desafios são necessárias novas estratégias, e o governo parece parado no tempo, incapaz de enxergar uma política fiscal consistente, reduzir gastos públicos, controlar as críticas de um petismo atrasado, que ainda vive preso nos anos 1980, e levar racionalidade para a máquina pública.

Além disso, Lula não tem o mesmo carisma do ado diante das massas, produz gafes em série e gera pouco efeito positivo. Isso ficou exposto na carta enviada pelo seu amigo, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro: “O Lula do terceiro mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política”. O diagnóstico é preciso e irretocável.
Lula caminha para uma derrota anunciada, aquele que será vencido em 2026, independentemente de quem triunfe.