Daniela Toesca é executiva sênior e membro do Open Mind Brazil (*)
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é um compromisso ético das organizações com a sociedade, o meio ambiente e seus stakeholders. Ela vai além do cumprimento de obrigações legais, incorporando práticas que promovem bem-estar, sustentabilidade e geração de valor. Integrada à agenda ESG, a RSC fortalece a reputação, a cultura organizacional, atrai talentos e contribui diretamente para a longevidade dos negócios.
Historicamente, as relações de trabalho evoluíram desde a Revolução Industrial, ando de uma visão mecanicista para um olhar mais humano e estratégico. A partir do século XX, surgiram estudos e práticas que sustentam a conexão entre o bem-estar físico e mental dos colaboradores como fator determinante para produtividade, inovação e sustentabilidade dos negócios.
Bem-estar do colaborador
A pandemia da Covid-19 potencializou a discussão sobre saúde mental, trazendo à tona temas como burnout, ansiedade, presenteísmo, quiet quitting e infoxicação, que afetam diretamente a performance e a sustentabilidade organizacional. O burnout, inclusive, foi reconhecido pela OMS como doença ocupacional e regulamentado no Brasil, trazendo às empresas obrigações legais de combate ao assédio, além da necessidade de oferecer e psicológico e ambientes de trabalho mais saudáveis.
Nesse cenário, o bem-estar dos colaboradores deixa de ser apenas uma boa prática e se consolida como estratégia de negócio. Empresas que investem em saúde física e mental criam ambientes mais produtivos, inovadores, colaborativos e capazes de reter talentos.
Cultura organizacional
Práticas essenciais incluem a construção de uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ofereça flexibilidade, programas de saúde física e mental, e psicológico, alimentação saudável, espaços ergonômicos e comunicação aberta e empática.
O mundo atual, caracterizado pelos conceitos Vuca (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) e Bani (fragilidade, ansiedade, não linearidade e incompreensibilidade), exige organizações mais adaptáveis, inovadoras e humanizadas. Nesse contexto, as pessoas se tornam o ativo mais estratégico, pois são elas que conduzem os processos de inovação, adaptação e desenvolvimento sustentável.
Cuidar de pessoas
O conselho de istração, como guardião da governança e dos princípios organizacionais, tem papel decisivo nesse processo. Cabe a ele não só garantir conformidade, mas assegurar que a missão, os valores e a responsabilidade social da organização estejam refletidos nas práticas internas, principalmente no cuidado com a saúde física e mental dos colaboradores.
Em um ambiente cada vez mais desafiador, organizações que priorizam o bem-estar integral dos seus profissionais não apenas fortalecem sua marca e sua reputação, mas garantem sua sustentabilidade, sua capacidade de inovar e sua relevância no mercado. Cuidar das pessoas, portanto, deixou de ser apenas uma escolha ética e ou a ser uma estratégia essencial para o sucesso dos negócios.
(*) Executiva sênior com 18 anos em RH, tributário e compliance. Conselheira com foco em estratégia, governança e valorização do capital humano