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COLUNA

O policial e sua guerra espiritual

A guerra espiritual é real. Mas o bem sempre terá a última palavra.

Por Rodrigo Bustamante
Publicado em 18 de abril de 2025 | 06:00

Entre a violência do mundo e a paz que buscamos, existe uma batalha silenciosa sendo travada todos os dias – não apenas nas ruas, mas também dentro de cada ser humano.

Enquanto muitos enxergam apenas o confronto físico entre a polícia e a criminalidade, há uma realidade mais profunda em curso: a guerra espiritual entre o bem e o mal. Essa guerra não se limita aos campos de batalha visíveis; ela se estende ao coração, à mente e à alma. E, nesse contexto, o policial ocupa um lugar de destaque: é agente da justiça, defensor da vida e símbolo de ordem em meio ao caos. Ele representa o bem, a luz, aquilo que protege e constrói. 

Do outro lado está o mal, muitas vezes personificado na figura do criminoso – alguém que, por escolha ou circunstância, afastou-se da verdade e cedeu à destruição. Ao se envolver com o crime, o indivíduo pode estar se tornando instrumento de forças invisíveis que atuam para semear dor, medo e desordem. 

Contudo, a batalha espiritual não se limita ao confronto externo. Ela acontece também dentro de cada um. O policial, apesar de sua missão nobre, é humano. Enfrenta dúvidas, pressões e desafios emocionais. Sua maior vitória, muitas vezes, está em não permitir que o mal entre em sua alma ou coração – seja ele o desânimo, a frieza, o orgulho ou a revolta. 

Um exemplo claro dessa luta pode ser encontrado na história de um policial de São Paulo que, durante uma operação em uma comunidade violenta, em 2018, enfrentou não apenas o risco físico de ser atacado, mas também seus próprios demônios internos – o medo, o desejo de vingança e a raiva. Em meio ao tiroteio, ele se lembrou de sua missão maior: proteger e servir, não apenas como policial, mas como ser humano comprometido com o bem. Sua ação, que resultou na preservação de vidas, foi mais do que uma estratégia bem executada; foi um testemunho de fé, equilíbrio e domínio próprio. 

Em uma entrevista após o ocorrido, ele afirmou: “A verdadeira batalha não é contra o crime, mas contra aquilo que nos torna insensíveis à dor do outro”. Essa frase revela a essência da guerra espiritual: manter-se sensível, comivo e íntegro, mesmo quando tudo ao redor clama por dureza e frieza. 

Ser policial é mais do que combater o crime. É resistir ao endurecimento da alma, manter a sensibilidade e lutar com integridade, mesmo quando a realidade não colabora. É escolher o bem todos os dias, mesmo quando parece mais fácil ceder à raiva ou à indiferença. É entender que cada escolha, cada atitude ecoa no plano espiritual.

O policial que escolhe permanecer do lado do bem, mesmo em meio ao caos, é um verdadeiro guerreiro espiritual. Seu trabalho não é apenas físico – é uma missão divina. Ele está onde muitos não têm coragem de estar, e seu esforço é visto por Aquele que recompensa em silêncio. 

A guerra espiritual é real. Mas o bem sempre terá a última palavra. E aquele que planta justiça, compaixão e honra certamente colherá vitória, paz e redenção.