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COLUNA

O poder das emoções

Para quem atua na linha de frente, como os policiais, saber lidar com as emoções não é apenas útil – pode ser determinante.

Por Rodrigo Bustamante
Publicado em 02 de maio de 2025 | 06:00

Em um mundo em que decisões precisam ser tomadas em segundos e a pressão é constante, saber lidar com as próprias emoções – e entender as dos outros – pode ser uma das habilidades mais poderosas que alguém pode desenvolver. Para quem atua na linha de frente, como os policiais, essa habilidade não é apenas útil – ela pode ser determinante.

A atividade policial é, sem dúvida, uma das mais intensas e desafiadoras. Cada ação pode ter um impacto profundo na vida de alguém. É fácil pensar que o que mais importa nessa profissão é o preparo técnico ou físico. Mas, na prática, um dos maiores diferenciais está em algo menos visível: o equilíbrio emocional.

Durante uma operação de risco, manter a calma e o foco é essencial. É aí que entra a inteligência emocional – a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar sentimentos, tanto os próprios quanto os de quem está ao redor. Isso vai além do autocontrole em momentos de tensão: envolve empatia, escuta e sensibilidade para lidar com o ser humano por trás de cada situação.

Imagine um policial negociando em uma situação de sequestro. Sua capacidade de se manter sereno e entender os sinais do outro lado pode ser a chave para evitar uma tragédia. A inteligência emocional ajuda a criar um ambiente de confiança e abertura, tornando possível encontrar soluções mais humanas e eficazes.

É claro que a tática também é essencial. Ela representa o uso prático de tudo que foi aprendido em treinamentos: como abordar, como agir, como intervir. Mas a verdadeira eficácia tática está não só no “que fazer”, mas principalmente no “como fazer” – e isso inclui considerar o estado emocional de todos os envolvidos.

Um policial emocionalmente preparado é capaz de agir com mais clareza e controle, mesmo sob forte estresse. Consegue evitar reações impulsivas e tomar decisões mais conscientes. Além disso, ao perceber e respeitar as emoções das pessoas com quem interage, abre espaço para um contato mais humano – seja numa crise, numa abordagem ou numa simples conversa com a comunidade.

Esse tipo de preparo fortalece tanto a atuação do policial quanto a relação com a sociedade. Quando alguém age com equilíbrio e respeito, inspira confiança e cooperação. E uma comunidade que confia na sua polícia é uma comunidade mais segura e participativa.

Vale lembrar: inteligência emocional não é algo com que se nasce – é algo que se aprende e se desenvolve. Por isso, o treinamento emocional deve ter tanto peso quanto o preparo técnico. Investir nisso é investir em uma atuação mais eficiente, mais segura e mais humana.

No fim das contas, em uma profissão tão exigente quanto a policial, a verdadeira força não está apenas na técnica ou na autoridade, mas na capacidade de manter o equilíbrio, mesmo diante do caos. Esse é o verdadeiro poder das emoções.