Empresas enfrentam severa escassez de mão de obra
Falta generalizada eleva custo e afeta desenvolvimento
Empresas dos setores de indústria, comércio, tecnologia, serviços e, principalmente, construção civil enfrentam severa escassez de mão de obra, cujos reflexos são os piores possíveis para a economia, a produtividade, o crescimento e o desenvolvimento do país, com fortes impactos nos custos operacionais e em pressões inflacionárias.
Vários segmentos empresariais reclamam diariamente da falta de mão de obra. Essa lacuna provoca atrasos de obras e serviços importantes e compromete investimentos públicos e privados, ampliando ainda mais o estresse econômico negativo vigente. E não se trata apenas da falta de mão de obra qualificada, mas também de profissionais que não possuem formação ou capacitação técnica.
Muitos dizem que a parte mais sensível da crise de escassez de mão de obra está no número de dependentes do Bolsa Família, que cresce de forma expressiva nas cidades, contemplando mais de 21 milhões de famílias em todos os 5.570 municípios do país e alcançando em torno de 55 milhões de pessoas.
O portal da EBC/Agência Brasil informa que, só em dezembro do ano ado, 200 mil novas famílias aram a fazer parte do programa, cujo benefício médio é de R$ 678,36. Do total de famílias beneficiadas, 9,26 milhões recebem o valor adicional de R$ 150 pelo Benefício Primeira Infância (BPI). E o investimento do governo no Bolsa Família já chega a R$ 14,07 bilhões.
Vale observar que não se está fazendo nenhum questionamento moral do Bolsa Família, muito menos negando o direito daqueles que se cadastraram e foram selecionados como beneficiários. A questão é: estão sendo atendidas pelo governo as famílias consideradas verdadeiramente carentes e merecedoras de prioridade na concessão do benefício?
Não sou nem um pouco contra o Bolsa Família para os que comprovadamente necessitam, mas o auxílio deveria ser temporário, e não permanente, como vem sendo há anos. A cada mês são dezenas de milhares de pessoas cadastradas nesse programa. Segundo dados oficiais, em 12 Estados da Federação, no Norte e Nordeste, já há mais beneficiários do que trabalhadores formais. Daí o grito de alerta para que o governo e a sociedade entendam que é assim que começa a ruína definitiva de um país.
Posto isso, as pessoas em condições normais e perfeitas de trabalho, que se negam a trabalhar com carteira assinada porque acreditam que vão perder os auxílios do governo, precisam ser estimuladas a voltar ao mercado de trabalho antes que virem fumaça o dinheiro, as empresas, o Estado.
Enfim, uma realidade inegável é a de que o governo contribui para essa crise, seja pelo excesso de auxílios e benefícios sociais ou pela ausência de políticas públicas que priorizem a capacitação profissional e ajustem as habilidades da força de trabalho às demandas de mercado. Ou o governo acorda e mostra capacidade para lidar com esse terrível gargalo, ou o resultado será o retrocesso de décadas.