-
Restituição do 2º lote do Imposto de Renda terá correção de 1%; veja calendário
-
Após classificação, Jardim diz que tem sido difícil escalar o Cruzeiro; entenda
-
Ave extinta por 50 anos volta a habitar maior área de Mata Atlântica em MG
-
Supermercado a a funcionar 24 horas em BH após reinauguração; saiba onde
-
'Só parou de abusar de mim porque não conseguia mais ter ereção'
Adolescência vai mexer com você, e é por isso que você precisa assistir
Com uma abordagem crua e sensível, a série revela o impacto da cultura do ódio sobre jovens em formação

Um padrão peculiar pode ser observado atualmente na Netflix: em meio a grandes produções de alto orçamento e amplamente divulgadas, surge uma minissérie totalmente fora do radar do público, que vira o assunto mais assistido e comentado da plataforma.
Adolescência é uma minissérie britânica, que conta a história de um jovem de 13 anos, acusado de ass brutalmente sua colega de classe. A trama começa no dia da prisão do garoto, e cada episódio foca em um momento diferente do processo de investigação.
Leia também:
Um Filme Minecraft: Uma aventura sem roteiro que acerta no nonsense
Inspirada pelo aumento de casos semelhantes no Reino Unido, a série provoca uma reflexão poderosa sobre a influência da chamada machosfera no crescente comportamento de ódio masculino nas plataformas online, e como isso afeta principalmente os jovens durante o já conturbado período da adolescência, momento em que começam a formar suas próprias convicções e noções de moral.
Ela também discute o papel dos pais e das escolas, mostrando como a falta de atenção ou de conexão pode permitir que esse tipo de comportamento se agrave. Ao mesmo tempo, questiona se existe uma forma de evitá-lo ou de proteger os jovens, considerando o poder de alcance das redes sociais e as dificuldades de comunicação entre as gerações.
Além disso, o que também merece muito destaque é o aspecto técnico da série. Cada episódio é conduzido por um plano sequência do começo ao fim, fazendo brilhar os excelentes trabalhos de produção, direção e fotografia.
A sensação é que estamos ali com os personagens, dado o realismo que esse recurso permite. Os cenários, inclusive, são abarrotados de figurantes realizando ações do dia a dia, para garantir um mundo vivo e não quebrar a imersão.
O nos leva ao maior ponto positivo de Adolescência. Pois se a figuração já cumpre muito bem seu papel, o elenco principal tem o caminho livre para mostrar a que veio.
São atuações poderosas, que evocam sentimentos de apreensão, repulsa e até mesmo desolação. Os maiores destaques ficam para Owen Cooper e Erin Doherty no Episódio 3 e Stephen Graham no Episódio 4.
O único alerta que deixo é: não se apegue demais à resolução do caso, esperando que vire um drama de tribunal, porque esse não é o foco da série. O grande objetivo aqui é explorar a humanidade dos personagens, suas virtudes e falhas, garantindo reflexões que não vão sair mais da sua cabeça.
No fim das contas, Adolescência é uma obra pesada e necessária, que liga um alerta sobre o perigo da toxicidade das redes sociais no desenvolvimento dos mais jovens. Assim como também é um convite de empatia para com os próprios adolescentes, de estreitar os abismos geracionais, e não ignorar sinais que possam ter consequências irreversíveis.
A minissérie está disponível na Netflix, e são apenas 4 episódios de uma hora cada, é rapidinho de maratonar!
Conteúdo relacionado:
+ 'Adolescência' pode ganhar segunda temporada
+ Entenda o que é incel, tema abordado na série ‘Adolescência’, da Netflix
Confira a crítica em vídeo: