TRIBUTO

Governo de Minas inaugura monumento em homenagem às vítimas de Brumadinho

Obra intitulada 'Bruma Leve' presta tributo às 272 vidas perdidas e reafirma o compromisso de evitar novos desastres no estado

Por Mariana Cavalcanti
Atualizado em 23 de outubro de 2024 | 19:30

O Governo de Minas Gerais inaugurou, no fim da tarde desta quarta-feira (23 de outubro), um monumento em homenagem às 272 vítimas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019. Intitulado de “Bruma Leve”, a obra de arte fica em frente ao palácio Tiradentes, sede do poder executivo de Minas Gerais, na Cidade istrativa. 

A obra foi criada pelo artista e arquiteto Daniel Rodrigues, selecionada por meio de um concurso promovido pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), com o apoio da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag-MG). O monumento é composto por 272 peças que simbolizam os perfis humanos das vítimas, cada uma em tamanho e posição distintos. As peças variam em altura, sendo a maior de 2,72 metros, e trazem placas com os nomes das pessoas que perderam a vida na tragédia.

Monumento foi criado em homenagem às 272 joias de Brumadinho. Foto: Alex de Jesus | O TEMPO
Monumento foi criado em homenagem às 272 joias de Brumadinho. Foto: Alex de Jesus | O TEMPO

 

A obra, iniciada em março deste ano, foi concluída em outubro e custou R$ 1,1 milhão, financiada com recursos do Tesouro do Estado. A cerimônia contou com a presença de representantes do governo estadual, incluindo o governador Romeu Zema, bombeiros militares, policiais civis e militares, e membros da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum), além de autoridades das Instituições de Justiça envolvidas no Acordo de Reparação, como o Procurador Geral do Ministério Público de Minas Gerais, Jarbas Soares, e a Defensora Pública Geral de Minas, Raquel Gomes. 

Um diácono da igreja católica e um pastor também foram convidados e realizaram um culto ecumênico para os presentes. Na plateia, estavam presentes familiares e amigos de vítimas da tragédia de Brumadinho. A tragédia em Brumadinho resultou na morte de 272 pessoas, incluindo três que ainda permanecem desaparecidas. As operações de busca, conduzidas pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Civil de Minas Gerais, continuam após mais de 2.100 dias.

Significado da obra

Segundo o arquiteto Daniel Rodrigues, ele criou a obra a partir do próprio luto, após ter pedido a mãe durante a Covid-19. “Me segurei na dificuldade que seria esse projeto, de representar através de um monumento ou de uma escultura a saudade de vocês, de todos os entes que se foram. Então, Deus me deu o dom de conseguir reproduzir da melhor forma possível para que represente de uma forma abstrata tudo isso que vocês aram e que nós todos, enquanto cidadãos e cidadãs, amos acompanhando pela TV. Fica até difícil comentar porque só vocês sabem a dor de cada momento que vocês aram ali”.

Daniel explicou que o objetivo da obra é trazer a cidade de Brumadinho para a Cidade istrativa, remetendo às montanhas de região e também às faces das 172 vítimas. A cor vermelha foi escolhida para representar tanto a violência com a qual as vítimas morreram, quanto o amor e coragem de seus amigos e familiares. 

“Dependendo da posição que vocês estiverem, vocês obterão uma sensação diferente. Olhando de frente, um ponto mais distante, se permite observar uma forma que remete aquelas montanhas da região onde se localiza a cidade de Brumadinho. Tendo como objetivo, causar a sensação de leveza e permeabilidade proporcionada pelos cheios e vazios da composição. De outro ponto, se observa peças nascendo do chão, mais baixas para o observador, que vão crescendo a cada peça, causando uma sensação de inquietação e fadiga. Da outra extremidade, se veem peças que formam a silhueta de uma face humana, onde é possível observar o contexto e a finalidade da obra em si, e da inquietação, da aflição até a esperança do amanhã”, explicou o artista. 

O governador Romeu Zema, durante seu discurso, afirmou que o local onde o monumento foi exposto é visto diretamente do gabinete do governador. O objetivo, segundo ele, é que todos os próximos chefes do executivo mineiro, que virão depois dele, vejam a obra de arte e se lembrem da tragédia de Brumadinho. 

“Todos os governadores que me sucederem vão, todos os dias, ver que tivemos aqui essa perda de 272 joias. Então, a partir de agora, não há mais governadores de Minas que não tenham a ciência do que aconteceu. A partir de agora, daqui a 50 anos, daqui a 100 anos, quem estiver ali governando o Estado terá essa visão aqui. Saberá que um dia aconteceu essa grande tragédia que poderia ter sido evitada”.