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Assessor de vereador de BH é suspeito de estar em briga que matou cruzeirense
Marcos Vinícius Oliveira de Melo, conhecido como Vinicin, é acusado de impedir socorro ao torcedor que morreu baleado

Um dos suspeitos de envolvimento na briga que resultou na morte de um torcedor do Cruzeiro no último sábado (2), na avenida Teresa Cristina, é assessor parlamentar na Câmara Municipal de BH. Marcos Vinícius Oliveira de Melo, conhecido como Vinicin, integra o gabinete do vereador César Gordin (Solidariedade), o Gordin da Galoucura, onde ganha cerca de R$ 4,2 mil líquidos. Ele foi demitido após a publicação desta matéria.
Vinicin trabalha com Gordin desde abril do ano ado, quando o vereador tomou posse na Câmara de BH. O integrante da Galoucura se tornou parlamentar após uma briga judicial, que terminou com a perda do mandato do ex-vereador Uner Augusto (PRTB). Os dois disputavam na Justiça a cadeira vaga pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que deixou a CMBH em fevereiro de 2023.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, o assessor parlamentar de César Gordin foi visto agredindo um cruzeirense e impedindo que o torcedor baleado fosse socorrido.
“Vale ressaltar que Marcos Vinícius Oliveira de Melo fora condenado em 2013 a 17 anos de prisão pela participação no homicídio de Otávio Fernandes (outro torcedor do Cruzeiro), ocorrido em 2010. Em 2018, o mesmo também foi condenado a um ano e quatro meses de prisão por lesão corporal leve, sendo que no mesmo caso, seus comparsas foram condenados por tentativa de homicídio (novamente em uma briga entre organizadas)”, registrou a PM no documento.
O ex-diretor da Galoucura foi condenado a 15 anos pelo homicídio e a dois anos por formação de quadrilha no âmbito do processo que apurou a morte do cruzeirense Otávio Fernandes, ocorrida em novembro de 2010. Na ocasião, Vinicin e outros integrantes da Galoucura espancaram a vítima, então com 19 anos, na avenida Nossa Senhora do Carmo, nas proximidades do shopping Pátio Savassi.
De acordo com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), Vinicin teve a sua primeira agem pelo sistema prisional registrada em maio de 2008. Desde então foram outras quatro entradas no sistema prisional. O último registro aconteceu em outubro de 2018.
Em outubro de 2022, ele foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, mas em abril do ano ado houve determinação judicial para a retirada do monitoramento. Curiosamente, isso aconteceu na mesma época em que César Gordin se tornou vereador, nomeando Vinicin assessor parlamentar.
Ainda segundo a pasta de segurança, Marcos Vinícius Oliveira de Melo, atualmente, está em processo de transferência, ou seja, aguarda entrada em alguma unidade prisional, mas não há detalhes sobre essa transferência.
Outros lados
Em nota publicada no Instagram, César Gordin confirmou a demissão de Vinicin e disse que não compactua com as brigas e garantiu que não houve morte por confrontos de organizadas entre 2012 e 2016, quando ele presidiu a Galoucura. “Lidero meus assessores e atletas pelo exemplo, e não aceito participação em briga de qualquer tipo, como a que ocorreu no sábado (02/03). Não sou polícia, nem Justiça para investigar ou julgar ações de quem trabalha em meu gabinete fora do seu horário de trabalho, em sua vida privada. Mas, até que todos os fatos sejam apurados e identificados os responsáveis, decidi pela demissão imediata do meu assessor, que foi citado como tendo tido envolvimento na briga do final de semana", escreveu.
Pelo Instagram, Vinicin negou as acusações. "Mais do que ninguém, eu sei que quando um morre, independente do lado, todo mundo perde. Quem me conhece sabe. Sou trabalhador e pai de família, mas também sou alvo sempre. Nunca fui de covardia e nunca serei. A corda costuma estourar do lado mais fraco, e a mídia mais uma vez reforça isso. Sempre foi assim. Eu não sou responsável pelo que estou sendo acusado e associado. Procurem saber o que de fato importa. Peço a Deus que dessa vez a Justiça seja justa”, escreveu.
Já a Galoucura informou que "sempre vai ser alvo de ataque de todos os 'formadores de opinião', que não fazem ideia do 'corre' que é ser torcida". "Quando acontece um fato lamentável, todos perdem. Uma família perde seu ente querido, somos criminalizados coletivamente, marginalizados e muitas vezes punidos coletivamente também, o que não acontece com nenhum outro segmento no Brasil", escreveu a organizada no Instagram.
Procurada, a Câmara Municipal de BH informou que não vai se manifestar sobre o caso. César Gordin disse que publicará uma nota oficial sobre a suspeita de envolvimento do seu assessor ainda nesta segunda-feira (4), por meio do Instagram.
César Augusto Cunha Dias, o César Gordin, recebeu 4.478 votos em 2020. Ex-líder da Galoucura, ele está em seu segundo mandato como vereador. Em 2019, na condição de suplente, ocupou a vaga de Osvaldo Lopes, eleito deputado estadual. Nos dois anos de mandato, foi base do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).