Política

Casa da Dinda foi símbolo do noticiário sobre corrupção

Descobriu-se que o tesoureiro de sua campanha do então presidente, PC Farias, pagou a reforma dos jardins da mansão com dinheiro depositado em contas fantasmas

Por Folhapress
Publicado em 14 de julho de 2015 | 17:06

A Casa da Dinda, onde foram apreendidos nesta terça-feira (14) três carros de luxo, entrou para o roteiro da política nacional após a eleição de Fernando Collor de Mello para o Planalto, em 1989.

O ex-presidente fez da mansão particular, no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, sua residência oficial, rejeitando os endereços tradicionais como o Palácio da Alvorada e a casa de campo da Granja do Torto. O imóvel foi batizado em homenagem à bisavó de Collor.

A mudança rapidamente incluiu a Casa da Dinda no roteiro turístico da capital federal. Dois anos depois, no entanto, o imóvel se tornou um símbolo do noticiário sobre os escândalos de corrupção que culminaram a queda de Collor.

Descobriu-se que o tesoureiro de sua campanha do então presidente, PC Farias, pagou a reforma dos jardins da mansão com dinheiro depositado em contas fantasmas.

A obra custou na época cerca de US$ 2,5 milhões.

MAGIA NEGRA

A imprensa narrou em detalhes os artigos de luxo do imóvel, como uma cascata e um lago artificial. Anos depois, a ex-mulher do hoje senador, Roseane Collor, acrescentou detalhes sórdidos ao escândalo, afirmando em livro que os jardins da residência oficial foram usados para o sacrifício de animais em rituais de magia negra.

"Quando tudo acabava, ficava uma sujeira danada, sangue espalhado", disse a ex-primeira-dama.

No livro, ela rebate as acusações de que o casal esbanjou dinheiro enquanto esteve no centro do poder. "Havia uma cascata na piscina? Havia uma biquinha, uma coisa simples que colocamos ali e onde gostávamos de molhar a cabeça", escreve.

No auge da crise que dragou seu governo, Collor viu suas chances de se manter no Planalto se esvaírem após a revelação de que um Fiat Elba, vista com frequência na Casa da Dinda e usada para transporte pessoal do então presidente, havia sido comprada com dinheiro de PC Farias.

Na manhã desta terça (14), os carros estacionados na mansão foram alvo de nova investida. Agora, no entanto, não se tratava mais da Elba. Agentes da Polícia Federal apreenderam uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata.

Uma Lamborghini Aventador, como a que foi apreendida na casa do ex-presidente, custa R$ 3,3 milhões. Já a Ferrari 458 Italia sai por R$ 1,95 milhão, enquanto o Porsche Panamera Turbo custa R$ 999 mil.