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Senado faz homenagem a José Sarney pelos 40 anos de redemocratização do país
José Sarney assumiu como presidente pela morte de Tancredo Neves e conduziu a volta do regime democrático depois de 21 anos de ditadura militar
BRASÍLIA - O Senado realizou, nesta terça-feira (18), uma sessão especial para homenagear o ex-presidente José Sarney pelos 40 anos de redemocratização do Brasil. A época marcou o fim da ditadura militar e o retorno da democracia.
Sarney declarou que “o coração da democracia é a liberdade” e que “não há democracia” sem um Congresso Nacional “forte e livre”. “Na continuidade da nossa história, hoje comemoramos a democracia, cujo coração é a liberdade, essa liberdade que desagua na formação do Congresso Nacional, que são os verdadeiros representantes do povo brasileiro”, disse.
O ex-presidente também relembrou a trajetória de Tancredo Neves. “Muito brasileiros deram a vida pelo país, mas Tancredo deu a sua morte”, afirmou. "Todos sabem as circunstâncias com que eu assumi a presidência. As minhas perplexidades, o meu sofrimento ao assumir o cargo sem ter escolhido nem o ministério nem participado da inauguração do programa de governo".
Ao abrir a sessão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmou que Sarney teve “habilidade política” para dialogar com diferentes frentes partidárias, além de “garantir estabilidade em um período de profundas mudanças institucionais”.
“Poucos governantes foram tão desafiados como na sua gestão. E Sarney sempre respondeu com respeito, serenidade e dignidade. Jamais se valeu da agressão, da ofensa ou da censura. Ouviu a tudo e a todos”, frisou.
Parlamentar constituinte, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) declarou que Sarney é o “pai, o coração e os olhos da democracia moderna brasileira”. “Sem ele, não teríamos chegado aqui com nossas instituições fortes, estáveis e que já foram testadas inúmeras vezes, esbanjando vitalidade. Sem ele, seríamos uma republiqueta caótica e atrasada”.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), lembrou que este é o “mais longevo período da democracia brasileira”. “Essa democracia sobreviveu a dois impeachments de presidentes da República e sobreviveu, em 8 de janeiro de 2023, a uma tentativa de golpe de Estado”, destacou.
A primeira eleição após a ditadura militar foi em 15 de janeiro de 1985. Na época, o voto foi indireto por meio de um colégio eleitoral. A chapa era comandada por Tancredo Neves e tinha José Sarney como vice-presidente.
Em 15 de março de 1985, porém, Sarney tomou posse como presidente interino. Tancredo, que enfrentava problemas de saúde, estava internado. Ele morreu em 21 de abril daquele ano, quando Sarney assumiu o cargo de forma definitiva para comandar o processo de redemocratização.
Ele ficou no cargo até 15 de março de 1990, quando ou a faixa para Fernando Collor, o primeiro presidente eleito por voto direto após o regime. José Sarney completará 95 anos em 24 de abril. Ele também já foi governador do Maranhão, senador pelo Maranhão e pelo Amapá. Está afastado da vida política desde 2015.
Na sessão do Senado, Sarney recebeu uma placa de reconhecimento pela condução da redemocratização. A mesma homenagem foi entregue ao deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) em homenagem ao seu avô, Tancredo Neves.
Estiveram presentes representantes de outros Poderes. Entre eles, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, que declarou ser uma homenagem “mais do que merecida” a Sarney. O ministro destacou que a democracia precisa ser regada e construída com constância.
“Não existe democracia perfeita. Nós estamos sempre a discutir reformas para aprimorar a democracia. Uma coisa é certa: a não democracia é a treva, a falta de luz e a falta de liberdade. Só há crítica no país em que há democracia”, disse Toffoli.
Uma sessão especial semelhante, para celebrar os 40 anos de volta da democratização, será realizada na manhã de quarta-feira (19) na Câmara dos Deputados. Há a previsão de nova participação de Sarney.