PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Cleitinho afirma que Tarcísio é um 'ótimo nome' se Bolsonaro continuar inelegível nas eleições de 2026

O senador avaliou que o governador de São Paulo não é ‘radical’ nem ‘extremista’ e defendeu uma eleição mais pacificada em 2026

Por Lara Alves
Atualizado em 03 de abril de 2025 | 09:33

BRASÍLIA — A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) impõe aos aliados mais cautelosos a obrigação de considerar outros nomes para a corrida pela presidência da República em 2026, e até apoiadores políticos mais próximos discutem a viabilidade de outras candidaturas. 

A possibilidade de uma eleição sem Bolsonaro também é tratada no gabinete do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). O preferido dos principais grupos de direita é também a alternativa favorita dele — o colega de partido e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

“Acho o Tarcísio uma excelente opção caso o Bolsonaro continue inelegível. Para mim, se fosse olhar hoje, o candidato seria o Tarcísio”, analisa em entrevista ao Café com Política. “É um excelente nome. Equilibrado e ponderado. Acho que ele não tem esse lado radical e extremista, que é o meu caso também. Eu me identifico muito com ele nesse ponto”, reforça. 

Publicamente, aliados demonstram confiança na reversão da condenação que impede a presença de Bolsonaro nas urnas, mas o caminho não é simples. Se acumulam contra o ex-presidente: duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornam inelegível até 2030 e a abertura de uma ação penal por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Com o cenário menos otimista nos bastidores, negociações são costuradas para garantir Tarcísio como o nome escolhido para representar a direita. Um fator predominante nesse tabuleiro é a aliança entre o possível candidato e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que trabalha em prol do governador de São Paulo.

Avesso às discussões partidárias, Cleitinho avalia que o colega de partido seria um bom nome para minimizar a polarização política no país. “Eu acho que nosso país precisa de uma eleição para pacificar. (...) Não existe um país que prospera desunido. A gente precisa começar a tomar vergonha na cara e parar com esse Cruzeiro e Atlético, como se existisse o bem e o mal. Não existe perfeição”, afirma. 

Assista na íntegra a entrevista do Café com Política com o senador Cleitinho:

Flerte com o PL e jogo aberto com Bolsonaro 

O elo partidário entre Cleitinho e Tarcísio não irá perdurar, avaliam lideranças políticas nos bastidores do Congresso Nacional. Aliás, a banca de apostas está aberta quanto ao futuro partidário do senador, e há quem dê lances altos garantindo que ele deixará o Republicanos.

Cleitinho não esconde os convites que recebeu para trocar o partido pelo PL de Jair Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Bruno Engler, e ainda para se filiar ao PRTB de Pablo Marçal.  As recentes negociações que podem levar à fusão de Republicanos e PSDB podem até impulsionar o senador a optar pela troca. Ele, a princípio, descarta a hipótese.

“Pode pegar PSDB, Republicanos, PT, PT, e colocar no liquidificador para bater. Quero que se exploda. Quero saber sobre meu mandato. Já falei para o Republicanos e para os outros partidos”, disse. “Cuido do meu mandato. Quem me aceitar do jeito que sou, igual o Republicanos está aceitando, beleza”, completa em entrevista ao Café com Política.

Ele repete que sente aversão à ideia dos acordos entre os partidos, das orientações de bancada e de se comprometer com pautas que não quer. “Esses acordos são eles que fazem. Eu não faço acordo com eles. Eu não peço fundo eleitoral, não peço fundo partidário, não peço nada para eles. Meu acordo é com o povo. Devo para o povo”, encerra. 

As posições e o capital político de Cleitinho brilham aos olhos de um grupo do PL, mas alguns articuladores do partido ponderam que seu perfil imprevisível pode gerar risco à unidade da bancada no Senado Federal.

Eles citam como exemplo o que ocorreu com a candidatura avulsa de Marcos Pontes (PL-SP) à presidência do Congresso Nacional, contra a orientação do partido de apoio a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Os mais de 4 milhões de votos de Cleitinho e a boa relação com Jair Bolsonaro equilibram essa balança. 

A linha de contato entre senador e ex-presidente é direta. “Assim, não [converso com Bolsonaro] todos os dias também, né? Tenho mulher, tenho filha, ele também tem. Mas, quando dá, eu converso com ele, sim. Falamos de política…”, detalha.

Apesar da proximidade entre eles, Cleitinho diz que não descarta conversas com políticos de outros espectros, mas lista nomes do PL entre seus favoritos. “Eu não me identifico com partidos. Eu me identifico com pessoas, entende? Se eu fosse para o PL não seria pelo PL, seria por gente como o Bruno [Engler], o Nikolas, o próprio Bolsonaro. São as pessoas, e não o partido”, ite.