HISTÓRICO DE AGRESSÕES

Marina Silva não descarta queixa-crime contra Plínio Valério após ataques

Em sessão da Comissão de Infraestrutura desta terça-feira (27), o senador do PSDB disse que não respeitava Marina como ministra

Por Lara Alves e Lucyenne Landim
Atualizado em 27 de maio de 2025 | 17:59

BRASÍLIA - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avalia a possibilidade de apresentar uma queixa-crime contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM) por um ataque sofrido durante sessão da Comissão de Infraestrutura nesta terça-feira (27).

Alvo de ofensas na audiência do Senado Federal, Marina Silva abandonou a comissão após quatro horas. Ela participava da sessão a pedido dos próprios senadores, que cobravam explicações do ministério sobre as unidades de conservação marinha na Margem Equatorial do Amapá. “A gente sempre tem que avaliar aquilo que é nosso direito, e não abrir mão do nosso direito”, afirmou antes de deixar o Congresso Nacional.

O histórico de comentários violentos do senador Plínio Valério contra a ministra do Meio Ambiente é antigo. Em março, ele disse que foi difícil não enforcá-la durante uma sessão no Senado. Nesta terça-feira, Marina lembrou o episódio.

“A manifestação que o senador tinha dito antes, que foi muito difícil para ele não me enforcar, eu já estava analisando com os meus advogados [sobre apresentar queixa]... Agora ele agravou a situação quando, propositadamente, me convidam como ministra e depois dizem que não me respeitam como ministra”, acrescentou.

Os comentários dirigidos à ministra Marina Silva pelos senadores Marcos Rogério (PL-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura, e Plínio Valério foram classificados como inissíveis por outras autoridades do governo Lula (PT), deputados e também senadores. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou, mas a primeira-dama, Janja da Silva, defendeu a ministra e cobrou respeito a ela.

O que aconteceu com Marina Silva?

Durante a sessão da Comissão de Infraestrutura, o senador Marcos Rogério tentou interromper uma discussão entre o senador Omar Aziz (PSD-MA) e a ministra. Eles divergiam sobre a rápida aprovação do Projeto de Lei (PL) que afrouxa as regras do licenciamento ambiental no Brasil. Marina se incomodou com a posição do presidente da comissão e continuou a falar. Ele, irônico, respondeu: “essa é a educação da ministra. Mas, não vou me intimidar”. 

A ministra do Meio Ambiente rebateu. “O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou”, disse. O senador continuou: “Agora é sexismo, ministra? Me respeite. Se ponha no seu lugar”, afirmou. A declaração de Marcos Rogério gerou uma grande confusão, e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) defendeu a ministra.

Pouco depois, o senador Plínio Valério atacou Marina Silva e disse que não a respeitava como ministra. O tucano, em março, disse que teve vontade de enforcar a ministra durante uma audiência no Senado. “A Marina esteve na I das ONGs por seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina por seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse Plínio durante um evento no Amazonas.

Àquela ocasião, Plínio foi repreendido publicamente pelo próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). “O senhor não poderia, em um evento, dizer que acompanhou uma audiência pública de uma ministra de Estado por seis horas e que não sabia onde estava que não a enforcou”, declarou.