DE OLHO EM 2026

‘Se entenderem que não tem outro candidato para enfrentar a direita, estarei pronto’, diz Lula

Presidente negou estar "velho demais" para concorrer à reeleição em 2026 

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 08 de novembro de 2024 | 16:45

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que se os partidos da base aliada entenderem que “não tem outros candidatos” para enfrentar a "direita negacionista", ele está disposto a concorrer à reeleição em 2026. Ele negou que esteja “velho” demais para disputar mais um pleito, mas disse que espera que “não seja necessário”. As declarações foram dadas em entrevista para a jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, gravada na quinta-feira (7) e exibida nesta sexta-feira (8).  

“Governar não é jogar futebol, não é praticar esporte, não é o problema da juventude que vai resolver o problema da governança. É a competência do governante, a saúde, a cabeça e os compromissos. Se chegar na hora e os partidos que me apoiam entenderem que não tem outro candidato para enfrentar uma pessoa de extrema direita, negacionista, que não acredita na medicina, na ciência, estarei pronto para enfrentar. Mas espero que não seja necessário. Eu espero que tenha outros candidatos e se possa fazer uma grande renovação política no Brasil e no mundo”, disse. 

Eleições nos Estados Unidos 

Na entrevista, o presidente Lula afirmou ainda que espera uma “relação respeitosa” com Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos. "Quando dois chefes de Estado se encontram, o que prevalece é o interesse do Estado, não é o interesse pessoal”, disse. 

“Eu quero dizer claramente ao povo americano: terei com o presidente Trump uma relação de respeito como chefe do Estado brasileiro. Espero que ele tenha uma relação de respeito com o Brasil como chefe do Estado americano. Ora, se nós estabelecemos essa linha de comportamento de civilidade, de respeito, o resto fica mais fácil”, declarou. 

O petista também minimizou o “apoio" de Jair Bolsonaro (PL) a Donald Trump e afirmou que ex-presidente não tem votos. Ele foi questionado se a vitória do republicano poderia ser boa para Lula ou ajudar Bolsonaro, chamado pela jornalista de “Trump dos Trópicos", a voltar ao poder. 

“Ele era presidente e eu derrotei ele. Se ele estava apoiando Trump, não havia votos, ele não tem votos nos EUA e ele não poderia ganhar as eleições por meio disso”, disse. 

Bolsonaro declarou que a vitória de Trump nos Estados Unidos era “o importantíssimo” para ele voltar ao Palácio do Planalto em 2026. 

Relação com Elon Musk

Questionado sobre a relação com o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, Lula afirmou que “é importante que a gente tenha em conta que nós precisamos retomar à civilidade e ao humanismo entre seres humanos”. 

“O que queremos é que os empresários tratem os países com respeito e não usem notícias falsas para informar o povo, seja o povo americano, seja o povo do Brasil”, respondeu à jornalista Christiane Amanpour. 

O presidente destacou que “ninguém é obrigado a gostar de ninguém”, mas que sempre deve haver respeito nas relações.