BRASÍLIA – Apenas 22,6% dos prefeitos consideram seus municípios preparados para enfrentar esses eventos. O principal motivo, segundo 94,1%, é a falta de recursos financeiros. Além disso, 74,5% atribuíram o cenário pessimista à falta de capacitação técnica.
Os dados são da Confederação Nacional de Municípios (CNM), com base em questionário respondido pelos representantes das cidades e divulgado nesta segunda-feira (20). No total, 3.590 municípios participaram da pesquisa da CNM, entre 1º de dezembro de 2023 e 24 de janeiro de 2024.
Prefeitos de 68,9% das cidades brasileiras disseram que nunca receberam rees estaduais ou federais para ações de prevenção de eventos climáticos extremos, como os alagamentos e deslizamentos de encostas que assolam o Rio Grande do Sul. Dos 20% que tiveram o a recursos financeiros para essa finalidade, 13,2% disseram ser referentes à verba federal e 6,8% a rees estaduais.
Mais da metade dos municípios não têm sistema de alerta
Do total dos entrevistados para o estudo “Emergência Climática”, 57,2% responderam não haver sistema de alerta fixo ou móvel para desastres no município. Só 9,6% têm sistema móvel de alerta, por exemplo veículos com sirene, e 4,8% possuem sistema fixo, como sirenes e alto-falantes. Outros 33,7% usam meios digitais para comunicação (redes sociais, aplicativos, mensagem de texto por celular).
Quando questionados sobre monitoramento de desastres, 38,7% dos municípios (1.388) disseram que possuem setor ou responsável por fazer o monitoramento diário em tempo real das áreas de risco, enquanto 43,7% – ou seja, 1.568 – informaram que não possuem esse tipo de estrutura ou cargo.
Para entender a percepção dos gestores municipais acerca do valor das áreas verdes como uma das medidas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas, a CNM perguntou se, na opinião deles, as áreas verdes municipais (parques, bosques, horto florestal, reservas e outras) são capazes de auxiliar no enfrentamento de eventos climáticos extremos. Do total, 75,7% afirmaram que sim; 18,6%, que não; e 5,8% não responderam ou não souberam opinar.
Ao menos 303 mil edificações residenciais foram alagadas no RS
As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul afetaram 463 dos 497 municípios do Estado e causaram mais de uma centena de mortes. O desastre climático ainda afetou o fornecimento de água tratada e de energia elétrica em centenas de milhares de imóveis.
A inundação histórica alagou ao menos 303 mil edificações residenciais e 801 estabelecimentos de saúde em 123 cidades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Universidade Federal do RS (UFRGS).
Além disso, ficaram submersos total ou parcialmente 682 unidades de ensino, 1.347 templos religiosos, 2.601 propriedades agropecuárias e outros 48 mil edifícios usados para outras finalidades, como lojas, bancos e prédios públicos ou comerciais.
Veja os números mais recentes da catástrofe, divulgados pela Defesa Civil na manhã desta segunda-feira:
- Mortos: 157
- Feridos: 806
- Desaparecidos: 88
- Pessoas afetadas: 2.281.830
- Desalojados: 581.633
- Pessoas em abrigos: 76.955
- Pessoas resgatadas: 82.666
- Animais resgatados: 12.108