POLÍTICA EXTERNA

Lula diz discordar de nota do PT sobre Venezuela, mas nega que país seja ditadura

Presidente voltou a cobrar apresentação das atas eleitorais que comprovem a vitória proclamada por Maduro

Por Levy Guimarães
Atualizado em 16 de agosto de 2024 | 10:54

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (16) que não concorda com a nota publicada pelo PT reconhecendo a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, em eleição realizada no dia 28 de julho. A oposição venezuelana contesta o resultado, afirma ter vencido o pleito e denuncia fraude.

No dia seguinte à eleição no país vizinho, o PT afirmou considerar Maduro reeleito, classificando o processo como uma “jornada democrática”. Em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, Lula disse que não ia o documento.

“O partido não é obrigado a fazer o que o governo quer, e nem o governo é obrigado a fazer o que o partido quer. [...] Eu não concordo com a nota, eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT”, afirmou.

O presidente voltou a cobrar do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano a apresentação das atas eleitorais que comprovem o resultado. Nesta quinta-feira (15), o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, disse que o governo brasileiro não irá reconhecer o resultado da Venezuela sem as comprovações. Já se aram 20 dias desde a votação.

Questionado se acredita que o país comandado por Nicolás Maduro vive uma ditadura ou uma democracia, Lula classificou o regime como “desagradável”.

“Acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não é uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, disse.

O petista ainda fez críticas à postura da União Europeia em relação à Venezuela. Para o chefe do Executivo, a UE errou ao ter reconhecido, em 2019, o oposicionista Juan Guaidó como o presidente do país.

Nesta quinta-feira, Lula chegou a propor a realização de novas eleições na Venezuela, alternativa que também foi ventilada por Celso Amorim. Outra proposta do petista foi a formação de um “governo de coalizão”. Ambas são rechaçadas pelas lideranças governistas e de oposição venezuelanas.

Os governos de Brasil, Colômbia e México têm atuado em conjunto, buscando ser mediadores da situação. Outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Uruguai, Equador, Peru e Paraguai, já condenaram de forma mais veemente os indícios de fraude no processo eleitoral.