ECONOMIA

Lula minimiza alta dos juros sob Galípolo: ‘não pode dar um cavalo de pau’

Presidente afirmou que ‘já esperava’ aumento e que taxa Selic deve melhorar ‘no tempo que a política permitir’

Por Levy Guimarães
Atualizado em 30 de janeiro de 2025 | 14:10

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou o aumento de um ponto percentual na taxa básica de juros, a taxa Selic, anunciado nesta quarta-feira (30) pelo Banco Central (BC). O reajuste veio na primeira reunião comandada pelo novo presidente da instituição financeira, Gabriel Galípolo, que foi indicado pelo petista.

“Uma pessoa que já tem a experiência de lidar com o BC como eu tenho tem consciência de que o presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra. Já estava praticamente demarcada a necessidade da medida de juros pelo outro presidente e o Galípolo fez o que ele deveria fazer”, disse Lula em entrevista coletiva.

O patamar da taxa Selic, hoje em 13,25%, é apontado por Lula e pelos governistas como um fator que prejudica o crescimento da economia. Um dos principais alvos das críticas do petista nos dois primeiros anos de governo foi o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, que tinha sido indicado por Jair Bolsonaro (PL).

“Temos consciência de que é preciso ter paciência. Tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do BC e tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor no tempo que a política permitir que ele faça”, complementou.

Lula ainda pontuou que “não esperava milagre” e que é preciso o governo “cumprir a parte” dele, assim como a sociedade, para que Galípolo entregue “dentro do possível” uma inflação mais baixa com juros controlados.

“Eu já esperava por isso, não é nenhuma surpresa pra mim. Agora temos um presidente do BC da maior competência e falei com ele: ‘você é meu amigo, mas você vai ser presidente do BC, e no meu governo, o presidente do BC vai ter autonomia de verdade”, declarou.

A expectativa do mercado financeiro é que a próxima reunião do Copom, que decidirá sobre a taxa de juros, resulte em uma nova alta do índice. A decisão de quarta-feira do BC foi criticada por quadros do PT, como a deputada federal Gleisi Hoffmann, cotada para assumir um ministério no governo nas próximas semanas.

Responsabilidade fiscal

Na mesma entrevista, o presidente da República voltou a se defender das críticas de que sua gestão estaria gerando um rombo fiscal no país, após as contas públicas terem registrado um déficit que deve girar em torno de R$ 70 bilhões - o equivalente a 0,1% do PIB - ano ado.

“0,1% é zero. As pessoas que aram o ao inteiro falando do famoso déficit fiscal deveriam pedir desculpas ao [ministro] Haddad. [...] Estabilidade fiscal é uma questão muito importante para esse governo e para mim".

"A gente quer responsabilidade fiscal e fazer o menor déficit possível, porque quer que esse país dê certo. Se a gente fizer uma dívida é para construir um ativo novo  que vai ajudar esse país a ser melhor ainda”, afirmou Lula.

O presidente ainda prometeu "criar um país de classe média", citando medidas como a reforma tributária e o reajuste do salário mínimo acima da inflação.