BRASÍLIA - Sem as presenças de Arthur Lira, Luís Roberto Barroso e Rodrigo Pacheco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desceu a rampa do Palácio do Planalto em direção à praça dos Três Poderes, ponto histórico de Brasília depredado durante os atos de 8 de Janeiro. O encontro do petista com militantes é o último capítulo da solenidade que marca o aniversário de dois anos das invasões e depredações dos prédios dos Três Poderes. 

O abraço à democracia, que encerrou a cerimônia, foi um gesto simbólico. Em um primeiro encontro com militantes após a cirurgia na cabeça, Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto e atravessou para a praça dos Três Poderes. Ali ele permaneceu por cerca de 10 minutos e posou para fotos com aliados. Deputados da base, como Maria do Rosário (PT-RS), participaram do gesto. 

O Planalto concentrou em torno do governo federal as cerimônias nesta quarta-feira (8), ao contrário do que aconteceu no ano ado quando o principal ato ocorreu no salão negro do Congresso Nacional — com a presença do presidente Rodrigo Pacheco, mas diante da ausência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Os ritos começaram pela manhã com a entrega das obras de arte destruídas durante o 8 de Janeiro — entre elas estão: As Mulatas, de Di Cavalcanti, e o relógio do século XVII presente da França para a Corte Portuguesa. As peças foram reintegradas ao Palácio do Planalto. 

Depois, Lula, seus ministros de Estado e representantes do Legislativo e do Judiciário se reuniram para uma cerimônia no Salão Nobre. Os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), participaram do encontro. Para reforçar o corpo de autoridades presentes, o presidente cancelou as férias de seus ministros e 31 deles compareceram à cerimônia — entre eles nomes do primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios: Fernando Haddad, Ricardo Lewandowski, Simone Tebet e Camilo Santana. 

Os que não puderam participar enviaram representantes, como ocorreu com o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, substituído no ato pela secretária Mariana Pescatori. Os chefes das Forças Armadas também compareceram à cerimônia, além do tenente-brigadeiro Francisco Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM).

As ausências de outras figuras políticas, entretanto, marcaram a solenidade. Os presidentes do Supremo, Luís Roberto Barroso, e do Congresso, Rodrigo Pacheco, estão de férias no exterior e mandaram representantes de seus Poderes — o vice-presidente do STF, Edson Fachin, e o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

Arthur Lira (PP-AL), em seus últimos dias como presidente da Câmara dos Deputados, também não compareceu. Entre os ausentes também estão os favoritos às presidências da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Dois anos após os atos de 8 de Janeiro, o Supremo Tribunal Federal decretou as condenações de 371 pessoas que participaram das invasões e depredações às sedes dos Três Poderes, em Brasília. As manifestações geraram um prejuízo material ao país que ultraa a cifra de R$ 26 milhões. Balanço do Judiciário indica que 78 dos processados estão presos em caráter provisório, 70  detidos definitivamente e sete em prisão domiciliar. Pelo menos 60 estão foragidos.