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Haddad defende compensação no projeto que amplia isenção do IR: 'Justiça social'
Ministro da Fazenda, no entanto, reconheceu que pode haver resistência no Congresso para taxar super-ricos
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira (20) a compensação no projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A proposta do governo enviada ao Congresso na quarta-feira (18) prevê que, para compensar a perda de arrecadação estimada em cerca de R$ 27 bilhões, uma tributação mínima sobre rendas superiores a R$ 600 mil anuais.
Esse novo imposto afetará cerca de 141 mil contribuintes, principalmente aqueles que recebem dividendos e hoje pagam menos de 10% de IR. Segundo Haddad, é questão de justiça social.
"Uma pessoa que ganha R$ 1 milhão por ano e paga 2% de alíquota efetiva, isso não existe em nenhum lugar do mundo", afirmou, em entrevista à Globonews.
"Não estamos propondo uma revolução. Estamos propondo que um super-rico pague uma alíquota média igual à do professor de escola pública. Se ele não entender que tem de pagar uma alíquota igual à do professor de escola pública, que ganha R$ 5 mil e deixa R$ 500 de imposto, aí fica muito difícil. Dá a impressão de que esse país não vai mudar nunca", disse.
Durante a cerimônia de do projeto de lei, no Palácio do Planalto, na quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avisou ao governo que parlamentares farão mudanças no texto proposto.
Na entrevista à Globonews, no entanto, Haddad afirmou que há um acordo com lideranças do Congresso Nacional para votar o projeto apenas se houver compensação. Ele reconheceu, porém, que o aumento da tributação de pessoas de renda alta pode gerar resistência e pressão desse grupo. Mas rebateu:
"Ou a gente leva a sério o que diz a Constituição, cada cidadão um voto, o poder emana do povo, ou a agente volta para o voto censitário. Quem é rico tem 10 votos, quem é pobre tem um voto só. Não dá pra ser assim", disse o chefe da Fazenda.
Haddad voltou a isentar Galípolo
Na entrevista, Haddad voltou a isentar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, por mais um aumento na taxa básica de juros e o definiu como uma pessoa "muito séria". O ministro também disse não ter se surpreendido com a decisão de elevar os juros para 14,25% ao ano, anunciada na quinta-feira (19) e afirmou que ele e o governo Lula têm confiança no novo comandante do BC.
"Nós não esperávamos um cavalo de pau do [Gabriel] Galípolo. Ele tem um compromisso com a coerência das medidas do BC para cumprir o seu mandato. Qual seja: trazer a inflação para a meta. Esse é o compromisso do Galípolo", declarou Haddad à GloboNews.
Galípolo é uma indicação do presidente Lula (PT) e substituiu Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na quarta-feira (19), o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu por unanimidade elevar a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 13,25% para 14,25% ao ano, mesmo nível atingido durante a crise do governo de Dilma Roussef (PT).