‘Ainda Estou Aqui': governo Lula pedirá desculpas a vítimas da ditadura em Perus (SP)

BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará um pedido público e formal de desculpas aos familiares de desaparecidos e assassinados políticos durante a ditadura militar.

A ação, que será feita pela ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Macaé Evaristo, acontece na próxima segunda-feira (24), em Perus, um distrito da zona noroeste do município de São Paulo. No local, foi descoberto, em 1990, um cemitério clandestino com restos mortais de vítimas do regime militar.

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, o chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDHC, Nilmário Miranda, destacou a relevância do ato, mas disse que o governo ainda deve um pedido formal a todas as vítimas da ditadura.

“Vai ter um pedido público de desculpas do Estado, lá em Perus, às 14 horas, na segunda-feira que vem. É importante fazer isso. Mas para os desaparecidos como um todo, ainda não. O Estado deve fazer isso, deve isso aos desaparecidos políticos e ao Brasil”, disse.

Nos últimos meses, chegou a se comentar nos bastidores que o governo Lula preparava, em nome do Estado brasileiro, uma cerimônia com o pedido formal de desculpas aos familiares de todos os perseguidos políticos daquele período. No entanto, segundo Nilmário, ainda não há a confirmação ou previsão de quando isso vai ocorrer.

A cerimônia desta segunda-feira é fruto de um acordo de conciliação após uma ação movida pelo Ministério Público Federal, em 2019, contra a União, o Estado de São Paulo, a USP, a UFMG e a Unicamp pela “negligência” na condução dos trabalhos de identificação das vítimas.

O governo de São Paulo, comandado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), se recusou a fazer um evento público de desculpas, segundo reportagem da Agência Pública. Apenas uma nota por escrito será divulgada nos canais oficiais.