BRASÍLIA - Anunciado nesta sexta-feira (2) como o novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz ocupava o cargo de secretário-executivo de Carlos Lupi, que pediu demissão após a revelação de um esquema de fraudes no INSS.
A troca no ministério é um desdobramento de investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou um esquema nacional de descontos associativos não autorizados feitos por sindicatos em aposentadorias e pensões, que retiraram R$ 6,3 bilhões dos beneficiários entre 2019 e 2024. Desse total, o governo ainda não identificou quanto foi descontado ilegalmente e quanto foi devidamente autorizado.
Filiado ao PDT, Wolney é ex-deputado federal por Pernambuco e tem boa relação com o Congresso. Ele exerceu seis mandatos consecutivos. Em 2022, disputou a reeleição, mas não foi eleito.
Na quarta-feira (30), o presidente Lula indicou o procurador federal Gilberto Waller Júnior para o cargo de presidente do INSS. Alessandro Stefanutto, ex-presidente do órgão, foi demitido por Lula na semana ada depois da operação da PF e da CGU.
A permanência de Carlos Lupi no governo ficou insustentável, já que ele foi o responsável pela indicação de Stefanutto. Além disso, a avaliação de aliados de Lula é de que ele foi omisso em relação às denúncias, feitas inicialmente em 2023.
A Operação realizada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União revelou que associações que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com s falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido do cargo, no mesmo dia em que a operação foi deflagrada pela PF e pela CGU contra o esquema de fraude no INSS. Ele já havia sido afastado do comando do órgão por decisão da Justiça.
Além de Stefanutto, outros cinco dirigentes do INSS foram afastados do órgão por ordem da Justiça Federal, que expediu 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão, além de seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e em 13 Estados para serem cumpridos nesta quarta.
O agora ex-ministro da Previdência Carlos Lupi itiu que sabia das denúncias de fraude desde 2023, mas negou que tenha sido omisso. Em audiência na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, na terça-feira (29), ele negou ser o responsável pelo INSS, apesar de o órgão ser vinculado à pasta.
“Quero informar que não sou responsável pela autarquia institucionalmente. Eu sou ministro de Estado. Quem é responsável institucionalmente é seu presidente. Mesmo assim, eu quero dizer, eu não escondo nada”.
“Dentro do Conselho Nacional de Previdência Social, que trata sobre todas as diretrizes, uma conselheira que é minha amiga pessoal, doutora Antonia, disse que estava crescendo muito o número de filiados aos institutos, ‘temos que olhar isso, não é possível, deve ser fraude’. Quando ela falou isso, no meio de uma reunião do conselho, (...), eu falei para o presidente e para o diretor de Benefícios, vamos começar a verificar isso”, relatou.
Durante reunião do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), em Brasília, na segunda-feira (28), o ministro afirmou também que demitiu o então diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, no ano seguinte, ao ser informado que a auditoria no órgão não andava.
"Em junho de 2023, se começou, dentro do INSS, uma autarquia independente, a se fazer a verificação de todas as denúncias apresentadas, que não era a primeira vez, o 135 [Central do INSS] recebe toda hora uma denúncia, de alguém que se sente enganado, de alguém que diz que não autorizou, não só associativista, mas também de consignado", disse Lupi.
"Eu pedi à época, instruí, para que o INSS, que é a instituição responsável pela ação dessa política pública, começasse a apurar essas denúncias apresentadas. Levou-se tempo demais", acrescentou.