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Após crise das fraudes no INSS, Carlos Lupi pede demissão e deixa o Ministério da Previdência Social
Situação do ministro ficou insustentável para o Palácio do Planalto; Lupi é acusado de omissão no escândalo das fraudes
BRASÍLIA - O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, decidiu entregar o cargo nesta sexta-feira (2), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto. A saída é um desdobramento do escândalo das fraudes no INSS, em que pelo menos R$ 6,3 bilhões foram descontados ilegalmente de aposentadorias entre 2019 e 2025.
A confirmação foi feita pelo próprio Lupi em sua conta no X:
Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade.
— Carlos Lupi 🇧🇷🌹 (@CarlosLupiPDT) May 2, 2025
Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, +
Segundo o Palácio do Planalto, o presidente convidou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE), atual secretário-executivo da Previdência, para ocupar o cargo de ministro. A exoneração de Lupi e a nomeação de Wolney serão publicadas ainda nesta sexta-feira (2) em edição extra do Diário Oficial da União.
A investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) não apontam o envolvimento direto de Lupi no esquema, capitaneado por entidades que se colocavam como representantes dos aposentados. A intenção inicial de Lula era manter o ministro, mas prevaleceu a posição de que ele foi omisso diante do esquema.
Carlos Lupi foi advertido das fraudes no INSS ainda em junho de 2023, em uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, órgão presidido por ele. Contudo, o assunto só foi discutido na reunião de abril de 2024. Depois disso, não retornou à pauta do CNPS. Mesmo assim, os descontos ilegais só foram suspensos na última sexta-feira (25), após a operação da PF.
O ministro itiu que já sabia das denúncias de fraude, mas negou que tenha sido omisso. Em audiência na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, na terça-feira (29), ele negou ser o responsável pelo INSS, apesar de o órgão ser vinculado à pasta.
“Quem é responsável institucionalmente é seu presidente. [...] Uma conselheira que é minha amiga pessoal, doutora Antonia, disse que estava crescendo muito o número de filiados aos institutos, ‘temos que olhar isso, não é possível, deve ser fraude’. Quando ela falou isso, no meio de uma reunião do conselho, [...], eu falei para o presidente, vamos começar a verificar isso”, relatou.
Desgaste com Lula
O escândalo também trouxe desgaste na relação do ministro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Logo após a operação da PF, o petista determinou que Lupi demitisse o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Lupi se recusou e defendeu seu subordinado publicamente, dizendo que ele era um funcionário “exemplar”. Depois, o próprio presidente demitiu Stefanutto e nomeou um novo comandante para a autarquia.
O novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, foi uma indicação direta de Lula, sem ar pelo crivo de Lupi, sinalizando uma interferência do Planalto no órgão. O ato do presidente foi lido como uma demonstração de fraqueza do ministro, de quem tinha partido a indicação do presidente anterior.
Entenda a operação que revelou esquema de fraude no INSS
Investigação da Polícia Federal e da CGU apontou um esquema nacional de descontos associativos não autorizados feitos por sindicatos em aposentadorias e pensões, que retiraram R$ 6,3 bilhões dos beneficiários entre 2019 e 2024. Desse total, o governo ainda não identificou quanto foi descontado ilegalmente e quanto foi devidamente autorizado.
O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido do cargo, no mesmo dia em que a operação foi deflagrada pela PF e pela CGU contra o esquema de fraude no INSS. Ele já havia sido afastado do comando do órgão por decisão da Justiça.
Além de Stefanutto, outros cinco dirigentes do INSS foram afastados do órgão por ordem da Justiça Federal, que expediu 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão, além de seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e em 13 Estados para serem cumpridos nesta quarta.
O sexto servidor público afastado de suas funções por ordem judicial é um agente da PF que trabalha no aeroporto de Congonhas (SP), mas não teve o nome divulgado. Segundo as investigações, ele dava apoio ao esquema.
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, iva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.
Além do Distrito Federal, os mandados foram cumpridos nos Estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.