Dia dos Trabalhadores

Centrais sindicais manifestam desagrado com Lula, mas mantêm voto de confiança

Nesta quarta-feira (1), o presidente da República participará de um evento em São Paulo, celebrando a efeméride

Por Gabriela Oliva
Publicado em 30 de abril de 2024 | 21:56

Na véspera do Dia dos Trabalhadores, o clima nas entidades sindicais é de descontentamento com o governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devido às condições de trabalho que, segundo elas, foram precarizadas nos governos anteriores de Michel Temer e Jair Bolsonaro, e que ainda resistem a mudanças na atual gestão.

Os movimentos sindicais criticam a falta de mudanças efetivas em relação à terceirização de serviços, os cortes nas entidades que têm prejudicado as condições de trabalho e diminuído os recursos econômicos disponíveis. Além disso, destacam a alteração nos acordos salariais, que agora permitem negociações individuais.

Outra demanda cobrada pelo movimento é o da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Em pronunciamento na cadeia nacional de rádio e TV em homenagem ao Dia do Trabalhador, na noite desta terça-feira (30), o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que espera que a mudança seja feita até o final do governo, em 2026.

Apesar das críticas, os sindicalistas analisam um avanço com o governo Lula. Eles reconhecem que os acordos salariais têm melhorado, e citam o aumento real do salário mínimo.

'Débito' do governo

Nessa quarta-feira (1), o presidente participará de um evento em São Paulo, celebrando a data junto às principais centrais sindicais, como CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Pública.

O evento será realizado no estacionamento da Neo Química Arena, conhecida como o estádio Itaquerão, lar do Corinthians, clube do presidente.

Lula possui uma trajetória com o sindicalismo. Antes de se tornar presidente, ele foi líder sindical e voz pelos direitos trabalhistas. No entanto, essa proximidade também aumenta a pressão do movimento sobre sua gestão.

Nesse contexto, durante uma entrevista ao O TEMPO em Brasília, João Carlos Juruna, secretário-geral da Força Sindical, destacou que o governo está em "débito" em diversos aspectos.

“Até agora, o governo está em débito. Outro ponto que eu vejo é que, mesmo com a melhora econômica, não temos conseguido emprego com salários melhores, indústrias, crescimento significativo do registro de carteira. Ainda que tenha melhorado, ainda temos essa precarização e falta de vínculo CLT”.

Segundo o secretário-geral, as principais pautas do ato previsto para a quarta-feira (1) são emprego decente, correção da tabela de Imposto de Renda, defesa por juros mais baixos, valorização do serviço e dos servidores públicos, equidade salarial e aposentadoria digna.

Diversas autoridades foram convidadas para o evento, e até o momento, confirmaram presença o presidente Lula, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Além disso, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, e Tábata Amaral também foram convidados, mas somente Boulos deve estar presente.