O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), trocaram acenos e pregaram harmonia na relação entre a União e o Estado. Os dois participaram, nesta sexta-feira (2), do evento dos 132 anos do Porto de Santos, no qual foram anunciadas obras do túnel de Santos-Guarujá, na Baixada Santista, em São Paulo.
Embora já tenha trabalhado em gestões petistas no ado, Tarcísio foi ministro da Infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro (PL) e foi apadrinhado por ele para concorrer ao Governo de São Paulo. Tarcísio derrotou Fernando Haddad (PT), atual ministro da Fazenda, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
O petista disse a Tarcísio de Freitas que ele terá todo apoio da Presidência da República, mesmo sendo um governador da oposição. "Tarcísio, você terá da Presidência da República em tudo que for necessário porque não estou beneficiando o governador, estou beneficiando o Estado mais importante da federação", declarou.
Mais uma vez durante o discurso, Lula lembrou que ele e Tarcísio de Freitas estão em campos opostos da política, mas que é possível trabalhar e dialogar democraticamente com adversários. “Vim aqui anunciar para o Tarcísio que nós estamos juntos. Em que ele vai votar é problema dele, em que eu vou votar é problema meu”.
A obra do túnel Santos-Guarujá é a maior do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e também terá recursos do Porto de Santos e do governo estadual. Segundo o Palácio do Planalto serão investidos cerca de R$ 6 bilhões. O túnel terá 860 metros entre as margens e ficará imerso sob o fundo do canal a uma profundidade de 21 metros.
Essa é a segunda vez que o presidente e Tarcísio se encontram nesta semana. Ao discursar, o petista lembrou que “pediu humildemente” aos ministros da articulação política para ter uma reunião com o governador de São Paulo. Havia um ime entre o Palácio do Planalto e Palácio dos Bandeirantes sobre como ficaria a construção do empreendimento.
Após negociação com Tarcísio em Brasília no início da semana, Lula recuou e decidiu que o governo federal não seria o protagonista da construção do túnel, que é uma promessa antiga de governadores. Nesse sentido, ficou acertado que a construção da obra vai contar com investimentos do governo federal, do governo do Estado e da Parceria Público Privada (PPP).
“Esse túnel é necessário. E esse túnel fica muito caro, seja para São Paulo, seja para o governo federal de fazerem sozinhos. Então, com muita humildade, São Paulo já tinha o projeto, o Meio Ambiente já tinha aprovado. Então, a gente não podia ficar com a ideia de que o governo federal poderia fazer e São Paulo ficar fora,”, frisou.
“É assim que temos governar este país. A gente não pode governar de forma diferente. O presidente da República não pode ter um inimigo. Um presidente da República não pode gostar de um Estado e não gostar de outro; não gostar de uma cidade e não gostar de outra”, completou.
Tarcísio de Freitas, que discursou antes de Lula, declarou que “é hora de celebrar um momento histórico” e tratou sobre a harmonia na relação entre os entes federativos. “Não importa ter opinião divergente, o que importa é enxergar o interesse público. E vamos deixar um legado trabalhando juntos”.
Presença de ministros paulistas em Santos
Participaram da solenidade em Santos alguns ministros do governo Lula que são paulistas: Alexandre Padilha (Relações Institucionais); Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (vice-presidente e MDIC); e Márcio França (Empreendedorismo). Compareceram ainda: Rui Costa (Casa Civil), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência).
Lula reclama de quem coloca a culpa da dengue nos políticos
Em meio à epidemia de dengue que assola diversas cidades e Estados do país, o presidente Lula criticou quem culpa os gestores públicos pela arbovirose, mas acaba não fazendo o próprio papel dentro de casa de conter a proliferação do mosquito transmissor (aedes aegypti).
Em seu discurso durante evento em Santos, o petista disse que as pessoas não podem ficar “transferindo responsabilidades e acusações” sem antes cumprir as próprias obrigações. Segundo ele, é função de todos ajudar no combate do mosquito da dengue: “Ao invés de xingar alguém, olhe se você cumpriu com o seu compromisso”.