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Militares do Exército e policial federal; veja quem são os alvos de prisão por plano de matar Lula
A PF identificou o planejamento para um golpe de Estado e o homicídio de Lula e Geraldo Alckmin depois da vitória eleitoral em 2022, além de Alexandre de Moraes
BRASÍLIA - Quatro presos nesta terça-feira (19) pelo suposto planejamento de um golpe de Estado e plano de assassinato de autoridades são militares do Exército com formação em Forças Especiais. Conhecidos como “kids pretos”, eles são treinados para operações sigilosas e que exigem alto desempenho. A outra pessoa presa é um policial federal.
Foram presos preventivamente os seguintes integrantes dos “kids pretos”:
- Mário Fernandes
General reformado, foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro. Após deixar o governo, assumiu, entre 2023 e o início de 2024, um cargo na liderança do PL na Câmara dos Deputados, lotado como assessor de Pazuello, com um salário de R$ 15,6 mil.
Foi desligado da função em 4 de março deste ano, após o ministro Alexandre de Moraes determinar seu afastamento das funções públicas. Quando foi chamado a depor pela PF em 22 de fevereiro de 2024, Mário Fernandes, contudo, optou por ficar em silêncio, alegando não ter tido o ao inteiro teor dos conteúdos da investigação e, em especial, à delação do tenente-coronel Mauro Cid.
- Hélio Ferreira Lima
Ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, foi destituído de sua posição em fevereiro de 2024, durante investigações sobre planos antidemocráticos. Quando convocado a depor à PF sobre sua suposta ligação com o golpe de Estado, optou por permanecer em silêncio. Com formação em Operações Especiais, integra o grupo de elite do Exército conhecido como "kids pretos".
- Rafael Martins de Oliveira
Major das Forças Especiais, é acusado de negociar com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o financiamento de R$ 100 mil para levar manifestantes a Brasília, como parte de um suposto plano de golpe de Estado. Em mensagens de novembro de 2022, ele discutiu custos de logística com Cid, incluindo hospedagem e alimentação para grupos vindos do Rio de Janeiro.
Rafael foi preso pela PF em fevereiro de 2024 durante investigações sobre sua participação na organização de movimentos antidemocráticos. Ele havia sido solto e usava tornozeleira eletrônica.
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
Considerado um militar altamente qualificado, é doutorando em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e tem especialização em operações de guerra não convencional. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2003, serviu como instrutor no Western Hemisphere Institute for Security Cooperation, nos EUA.
O militar participou de missões no exterior, como na Costa do Marfim. Comandou a Companhia de Comando do Comando Militar da Amazônia e tem expertise acadêmica em terrorismo e relações internacionais. Ele também integra o grupo "kids pretos".
O quinto alvo da operação é o policial federal Wladimir Matos Soares. A reportagem de O TEMPO Brasília tenta contato com as defesas dos presos, assim como o Exército e a Polícia Federal. O espaço segue aberto para manifestações.
Operação Contragolpe
Os cinco mandados de prisão preventiva foram cumpridos pela PF na operação Contragolpe para desarticular uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de seu vice Geraldo Alckmin (PSB).
O plano era ass os dois no dia 15 de dezembro de 2022, antes da posse presidencial. Equipes de investigação identificaram “a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelo’”, que seria executado na data.
“As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022”, informou a PF.
O plano também previa, com a consumação do golpe, a restrição do livre exercício do Poder Judiciário e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que vinha sendo monitorado continuamente. Esse ministro seria Alexandre de Moraes.
“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um ‘Gabinete Institucional de Gestão de Crise’, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações”, destacou a PF.