BRASÍLIA - Os atos convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o dia 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo, terão como mote principal o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após decisão que suspendeu a rede social X, do bilionário Elon Musk,na última sexta-feira (30).
Parlamentares da oposição esperam que a pressão popular leve o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a colocar em pauta a solicitação. Atualmente, são 45 pedidos de impeachment contra Moraes protocolados no Congresso. Mas a oposição afirmou que vai apresentar um novo pedido.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que tem "muita fé e esperança de que nós teremos o maior pedido de impeachment da história, assinado por parlamentares, assinado por juristas, assinado por milhões de brasileiros".
Na semana ada, Pacheco avisou que vai agir com prudência ao analisar os pedidos.
“Vou ter prudência em relação a esse tipo de tema para não permitir que esse país vire uma esculhambação de quem quer acabar com ele. Tenho responsabilidade com meu cargo, com a democracia e com o estado democrático de direito”, disse no último dia 23, durante coletiva em Belo Horizonte.
Atos também querem anistia para presos do 8 de janeiro
Antes do bloqueio da rede social X, Bolsonaro já vinha fazendo convocações nas redes sociais para atos de protesto em 7 de setembro, que também tinham Alexandre de Moraes na mira.
Mas inicialmente o objetivo da manifestação era pedir anistia para os chamados "presos políticos", em referência às pessoas que foram presas por depredação de Brasília nos atos de 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente afirmava que os atos eram um recado "para o Brasil e para o mundo do que estamos sofrendo aqui".
Mas a decisão de Moraes de suspender a rede social X no Brasil deu fôlego a deputados e senadores oposicionistas.
O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), um dos principais críticos da atuação de Alexandre de Moraes no Parlamento, classificou a decisão de suspender a rede de “ilegal e descabida”.
O deputado considera que o impeachment do ministro é a 'prioridade número um' da oposição. “A pressão popular vai crescer. No momento que Pacheco pautar, será avassaladora”, afirmou. “Esse impeachment já deveria ter acontecido”, completou.
Van Hattem defende também uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I) do Abuso de Autoridade. O pedido já tem o número mínimo de s necessárias e aguarda decisão da presidência da Câmara.
O Novo foi autor de um recurso uma medida liminar, proferida em caráter de urgência, para derrubar a decisão de Moraes, que tirou o X do ar porque a empresa não indicou um representante em território brasileiro, como prevê a legislação.
“Defesa da liberdade e dos valores democráticos”
Prevista para acontecer na Avenida Paulista, o evento pretende ser uma resposta à decisão de Moraes, além de uma demonstração de “defesa da liberdade e dos valores democráticos”, segundo os organizadores.
O deputado Rodrigo Valadares (União-SE), por exemplo, destacou a importância do ato como um “grito de liberdade”.
“O 7 de setembro é um dia histórico para reafirmarmos nosso compromisso com a liberdade. O ato convocado por Bolsonaro é uma resposta direta às arbitrariedades que temos visto dos últimos tempos. Chegou o momento de o povo mostrar sua força e sua vontade de viver em um país livre, onde as instituições respeitem os limites da Constituição”, disse.
Ato na Avenida Paulista vai dar palanque para candidatos
O governador do Estado, Tarcísio de Freitas, confirmou presença no ato de 7 de setembro que vai pedir a cassação de Alexandre de Moraes. O evento deverá contar ainda com a presença de senadores, deputados federais e candidatos à Prefeitura de São Paulo – Ricardo Nunes (MDB) e Marina Helena (Novo). Pablo Marçal (PRTB) ainda não garantiu a participação.
"É um movimento suprapartidário. E caso um candidato a prefeito da capital queria comparecer, nós autorizamos. Assim como qualquer outro candidato a prefeito da capital está autorizado a subir no carro de som também", afirmou Bolsonaro, em vídeo publicado nas redes sociais.