BRASÍLIA - A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta terça-feira (22) a julgar se aceita a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seis investigados acusados de participação no chamado “núcleo 2” do suposto plano golpista de 2022. A análise pode transformar os denunciados em réus e levá-los a responder a processo criminal por crimes como tentativa de golpe de Estado.
Entre os acusados estão figuras que exerceram funções estratégicas no governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), como Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência.
Também compõem o grupo Marcelo Câmara, Marília Alencar, Fernando Oliveira e Mario Fernandes. Todos são apontados como colaboradores diretos de articulações destinadas a manter Bolsonaro ilegalmente no poder após a derrota nas eleições.
Segundo a PGR, os denunciados teriam atuado na execução de um plano que visava à “sustentação da permanência ilegítima” de Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de outubro de 2022.
Os crimes atribuídos a esse núcleo incluem:
Caso a maioria dos ministros da Primeira Turma aceite a denúncia, os envolvidos arão à condição de réus e responderão a processo judicial nas próximas sessões do Supremo.
O julgamento será conduzido pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, e teve três sessões reservadas para ocorrer: manhã e tarde desta terça-feira (22) e, se necessário, a manhã de quarta-feira (23). A expectativa, no entanto, é que ainda no primeiro dia os ministros votem e o resultado seja proclamado.
A ordem dos trabalhos prevê:
Se a denúncia for aceita, os seis investigados responderão a processo penal. Ao longo das etapas seguintes, haverá produção de provas e novas audiências, até que a Primeira Turma decida pela absolvição ou condenação de cada réu. Em caso de condenação, os ministros definirão as penas individualmente, com base nos crimes cometidos.
Essa é a segunda rodada de julgamentos envolvendo a denúncia da PGR sobre a tentativa de golpe de Estado. No fim de março, o STF já havia aceitado, por unanimidade, a denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete nomes ligados ao chamado “núcleo crucial” da suposta trama. Entre eles, estavam ex-ministros e militares de alta patente.
A atual fase do processo representa um aprofundamento das investigações e da responsabilização de diferentes níveis da hierarquia que, segundo o Ministério Público, atuaram na tentativa de ruptura institucional após as eleições de 2022.