DESCONFORTO

‘Proximidade de Silvinei com Bolsonaro não era vista com bons olhos na PRF’, diz testemunha a Gonet

Ex-coordenador de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal afirmou que ex-diretor-geral estava transformando o órgão 'em polícia de governo e não de Estado'

Por Hédio Ferreira Júnior
Atualizado em 19 de maio de 2025 | 18:00

BRASÍLIA – O ex-coordenador de Análise de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Adiel Pereira Gomes declarou nesta segunda-feira (19) que a proximidade do ex-diretor-geral Silvinei Vasques com o então presidente Jair Bolsonaro não era bem vista dentro da corporação.

Silvinei é um dos réus no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais para tomada de poder à força com o objetivo de manter Bolsonaro na Presidência da República. 

Em 30 de outubro de 2022, dia do segundo turno, o então diretor-geral da PRF comandou blitze em rodovias federais em cidades da Região Nordeste onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia sido mais bem votado que Bolsonaro no primeiro turno. O objetivo era dificultar a chegada desses eleitores aos locais de votação antes do encerramento do processo, às 17 horas.

Segundo Adiel de Alcântara, a gerência de Silvinei e a proximidade dele com Bolsonaro geravam desconforto expressado pelos policiais.

“Grande parte do efetivo não via com bons olhos a proximidade de Silvinei com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele fazia revista à tropa acompanhado do [então ministro da Defesa] Anderson Torres numa tentativa de militarizar a PRF”, disse ele em depoimento ao procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.

Ainda segundo Adiel, Silvinei Vasques “estava criando uma polícia de governo e não de Estado”, o que causava desconforto nos policiais rodoviários federais. 

Imprensa tem o a interrogatório com restrições

A audiência virtual está sendo transmitida para jornalistas dos veículos de imprensa setorizados no STF - do qual O TEMPO faz parte  - em um telão no plenário da Primeira Turma do STF. Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito e responsável por coordenar as oitivas, é proibida qualquer gravação de áudio ou vídeo, assim como a transmissão, até que o material seja liberado pela Corte no final de todas as audiências, em 2 de junho. 

Além de Moraes, acompanham virtualmente a sessão os outros ministros da Primeira Turma: Cristiano Zanin, presidente do colegiado, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Flávio Dino não estava presente no início das oitivas.

PGR e advogados fazem perguntas

A cada testemunha ouvida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, dá início ao interrogatório. Terminadas as perguntas do Ministério Público, autor das denúncias contra os oito réus do "núcleo 1", cada um dos advogados dos oito réus pode também apresentar questionamentos.

Entre as testemunhas que constam na lista desta segunda-feira estão: o ex-comandante da Aeronáutica Batista Júnior e o ex-comandante do Exército Freire Gomes, ambos ocuparam os postos no governo de Jair Bolsonaro. 

Até o final da próxima semana, 80 pessoas devem ser ouvidas, entre testemunhas de acusação e defesa. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, havia inicialmente sido convocado pelo Ministério Público, como acusação, e pelo ex-ministro da Justiça Anderson Torres, como defesa, mas acabou sendo dispensado pelas partes.