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Ex-comandante da FAB diz ao STF que abandonou reunião com Bolsonaro após receber minuta do golpe
Baptista Júnior afirmou ter alertado Bolsonaro de que não daria aval a plano: ‘Aconteça o que acontecer, a partir de 1º de janeiro o senhor não será presidente’

BRASÍLIA – O brigadeiro e ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou nesta quarta-feira (21) que um plano de golpe de Estado foi elaborado e apresentado a ele dois dias após a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 14 de dezembro de 2022.
Na ocasião, Baptista Júnior foi chamado para uma reunião com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e com os outros comandantes das Forças Armadas: o almirante Almir Garnier (Marinha) e o general Marco Antônio Freire Gomes (Exército).
Em depoimento no inquérito do golpe de Estado envolvendo os réus do chamado “núcleo 1”, do qual Bolsonaro e sete aliados fazem parte, o brigadeiro contou ter chegado ao encontro quando todos já estavam lá.
Ao ser entregue o que seria uma minuta de golpe de Estado, ele informou ter se recusado a tomar parte daquilo e abandonado a reunião.
“Quando entrei, me sentei ao lado do Garnier e a reunião começou. O Paulo Sérgio disse ter trazido um documento para que lêssemos. Perguntei: ‘Esse documento prevê a não assunção do presidente eleito em 1ª de janeiro?’ Fui informado que sim. Eu disse: ‘Não ito sequer receber esse documento’. Me levantei e saí”, relatou.
O militar afirmou que o general Garnier não demonstrou reação contrária e que além dele a única oposição foi a de Freire Gomes.
No interrogatório virtual conduzido pelo ministro relator do inquérito do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Baptista Júnior relatou encontros anteriores que teve em novembro de 2022 com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto.
Sempre acompanhado do ministro da defesa e dos comandantes das outras forças, as reuniões tinham como objetivo discutir a lisura das urnas eletrônicas e a tomada da ordem no país, socialmente polarizado, com paralisações nas estradas e eleitores de Bolsonaro inconformados com a derrota do presidente para Lula.
Baptista Júnior contou que entendia haver ali o propósito de adoção de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) social no Brasil, até que, com o ar do encontro, começou a se sentir “desconfortável” quando entendeu que não era exatamente isso que o presidente queria.
“Eu tinha um ponto de corte [para dar apoio]: o dia 1º de janeiro de 2023, com a posse do presidente eleito [Luiz Inácio Lula da Silva]. Quando percebi que não era como eu pensava, avisei ao presidente Bolsonaro: ‘Aconteça o que acontecer, a partir de 1º de janeiro o senhor não será mais presidente’
A GLO é uma medida excepcional prevista na Constituição para que as Forças Armadas atuem com poder de polícia, em áreas e períodos específicos, por ordem do presidente da República, quando as forças tradicionais de segurança pública não conseguem garantir a ordem pública.
“Comecei a entender que a garantia da lei e da ordem não era o que eu estava acostumado a lidar no Exército desde 1992”, completou o brigadeiro.