Com receio de que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) fosse pressionado por aliados a mudar sua versão sobre o suposto encontro que teve com o ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir como reverter o resultado das eleições, a Polícia Federal (PF) se apressou em colher o depoimento do senador assim que recebeu autorização do ministro Alexandre de Moraes.  No depoimento, ele voltou a culpar o ex-deputado e a isentar Bolsonaro no episódio.

Fontes da polícia ouvidas pelo O TEMPO afirmaram ainda que, além de ouvir rapidamente o parlamentar, os investigadores queriam também ter o ao seu celular para colher informações e provas sobre o episódio. 

Na madrugada desta quinta-feira (2), Marcos do Val afirmou em uma transmissão em sua rede social que teria participado de uma reunião com Silveira e Bolsonaro na qual ele foi “coagido”, nas palavras dele, para participar de um plano de golpe de Estado, que tinha como objetivo derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Já nas primeiras horas da manhã, o delegado da PF, Raphael Soares Astini, solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) dos processos relacionados ao tema, uma autorização para ouvir o senador. A autorização de Moraes veio poucas horas depois, determinando que o depoimento ocorresse em até cinco dias. 

Enquanto isso, o senador do Podemos concedeu entrevista para diversos veículos e começou a se contradizer em relação aos fatos. Além disso, notícias de que ele poderia se reunir com políticos aliados aumentou o temor dos investigadores.  

O TEMPO apurou que enquanto a PF aguardava a decisão do ministro do Supremo, foi cogitado destacar uma nova equipe de investigadores para ficar de prontidão para a realização da oitiva do parlamentar, já que a Polícia Federal tinha dois outros depoimentos importantes e previamente agendados: o do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. 

Quando o ministro Alexandre de Moraes autorizou que Marcos do Val fosse ouvido, agentes da PF decidiram imediatamente que o depoimento ocorreria ainda nesta quinta. Inicialmente, foi considerado ouvir o senador no início da tarde — informação que foi confirmada por uma fonte da polícia ao O TEMPO. Porém, de acordo com essa mesma fonte, os investigadores avaliaram que o depoimento do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, poderia conter elementos importantes a serem perguntados para Marcos do Val. Diante disso, seu depoimento foi agendado para às 17h.

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