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PF suspeita que Torres organizou na Bahia blitz contra eleitores de Lula
O então ministro da Justiça voou em jato da FAB para Salvador, às vésperas do segundo turno, para encontro com chefes da PF e PRF no estado

A viagem que Anderson Torres fez à Bahia entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022 levantou suspeitas de que o então ministro da Justiça participou de reunião para montar a operação da Polícia Rodoviária Federal que bloqueou as estradas do Nordeste no dia do segundo turno, visando prejudicar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa contra Jair Bolsonaro (PL) pela Presidência da República. A informação foi publicada nesta segunda-feira (3) pela colunista Malu Gaspar, de O Globo.
Ela diz que a PF já apurou que, no fim da manhã de 26 de outubro, o ex-ministro da Justiça Torres e seus assessores se reuniram com o superintendente da PF na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho, com ordem para a corporação se engajar, com equipes e trabalho de inteligência, na operação que o Ministério da Justiça planejara com a PRF nos ônibus e veículos que transportariam eleitores quatro dias depois, com vistas a parar todos os que apresentassem qualquer tipo de irregularidade.
A jornalista lembra que Torres tinha ado o fim de semana anterior imerso na crise provocada pelo ataque armado do ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson aos agentes da PF que lhe deram voz de prisão, no Rio de Janeiro. “Apesar do cansaço, porém, (Torres) tinha uma missão a cumprir na Bahia, que ele mesmo classificou a auxiliares como ‘estratégica’. Por isso, na noite anterior, desembarcou na base aérea do aeroporto de Salvador num jato da FAB, junto com o diretor-geral da PF, Márcio Nunes, e seu secretário-executivo, o brigadeiro Antonio Lorenzo”, escreveu Gaspar.
“A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu pudesse trocaria de lugar com vocês”, disse Torres, segundo a colunista de O Globo, ao grupo reunido na superintendência da PF, segundo os relatos feitos pelos participantes da reunião à PF e ao Ministério da Justiça. “Torres disse que o ministério estava recebendo muitas denúncias de compras de voto por petistas no Nordeste. Para ele, só isso explicava a grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro no primeiro turno. Na Bahia, Lula tinha tido 5,8 milhões de votos (69,73%), contra 2 milhões (24,31%) do então presidente”, contextualizou Gaspar.
Ela lembra também que a operação da PRF no domingo de eleição provocou reação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que chegou a pedir a suspensão das blitze ao então diretor da PRF, Silvinei Vasques, sob ameaça de prisão. O TSE já havia proibido esse tipo de operação no dia de votação. Um dos principais aliados de Bolsonaro, após o episódio Vasques virou alvo de investigação – no cargo, ele também fez campanha aberta para o então presidente da República.
No dia da votação do segundo turno, a PRF fez o dobro de abordagens do primeiro turno, quase todas em estados da região Nordeste, reduto eleitoral de Lula. Houve registros dos patrulheiros parando apenas veículos com eleitores do petista, enquanto os que trafegavam com adesivos de Bolsonaro seguiam viagem sem serem incomodados. A PF apura se houve um esforço dirigido para impedir que eleitores do petistas chegassem aos locais de votação.
“O inquérito tenta reconstituir a forma como o governo Bolsonaro se preparou para sabotar o adversário petista no segundo turno – e, junto com as apurações sobre a minuta golpista, deve complicar a vida de Anderson Torres, como antecipou o colunista Lauro Jardim. O episódio é emblemático das descobertas que a PF vem fazendo sobre o que se ou nos dias antes da eleição”, finaliza Malu Gaspar.
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