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Trinta anos depois, Collor pede perdão pelo confisco da poupança

Ex-presidente diz que errou ao aceitar o plano que usaria para combater a hiperinflação


Publicado em 18 de maio de 2020 | 10:41

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, hoje senador, pediu perdão nesta segunda-feira (18) por uma medida que decretou há mais de 30 anos e que acabou por ser decisiva para o fim abreviado de seu mandato: o confisco da poupança.

Em seu perfil no Twitter, Collor disse que era chegado o momento de falar com mais clareza sobre o assunto e tentou justificar a medida, bastante impopular, decretada no dia 16 de março de 1990.

"Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômioca, por causa da hiperinflação: 80% ao mês! Os mais pobres eram os maiores prejudicados, perdiam seu poder de compra em questão de dias,  pessoas estavam morrendo de fome. O Brasil estava no limite!", ponderou Collor, para introduzir a explicação.

"Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do país. Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos", disse Collor.

"Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros", concluiu.

O caso

Em março de 1990, um dia depois da posse, o presidente Fernando Collor pegou a população de surpresa, editou uma MP determinando o bloqueio de valores acima de 50 mil cruzados novos nas poupanças e aplicações. A crise causada pelo plano, que pegou de surpresa milhões de brasileiros, gerou uma insatisfação que, mais tarde, culminaria na pressão pelo impeachment do presidente da República, após denúncias de corrupção. Collor acabou renunciando em 29 de dezembro de 1992, horas antes da abertura de seu processo de impeachment. Mesmo assim, o processo foi levado adiante pela Câmara e, posteriormente, pelo Senado.