Gripe aviária: o que é, como é transmitida e como prevenir em humanos
Primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) foi detectado no Rio Grande do Sul

O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou o primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um estabelecimento comercial de matrizes de aves no Brasil na última sexta-feira (16). A detecção ocorreu no município de Montenegro, Rio Grande do Sul. Este é o primeiro registro do vírus em um sistema de produção avícola comercial no território brasileiro.
As autoridades sanitárias brasileiras garantem que não há motivos para preocupação quanto ao consumo de produtos avícolas inspecionados. "A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", informou o Ministério em comunicado oficial.
O que é gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença causada por vírus influenza que têm origem em aves. Estes vírus pertencem à família Orthomyxoviridae, incluindo a variante A(H5N1). Embora afetem principalmente aves, estes agentes patogênicos já foram identificados em mamíferos, incluindo bovinos, com raros casos em humanos.
Desde 2003, foram registrados aproximadamente 900 casos humanos de infecção pelo vírus A(H5N1) globalmente. A taxa de letalidade desses casos supera 50%, conforme dados históricos, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) indique dificuldades em generalizar análises baseadas em registros ados devido à evolução viral.
A ausência de imunidade prévia nos seres humanos contra este tipo de vírus pode resultar em quadros graves da doença. Os sintomas em humanos variam consideravelmente, desde casos assintomáticos até manifestações graves. Entre os sinais mais comuns estão febre, tosse, resfriado, conjuntivite, problemas gastrointestinais e complicações respiratórias que podem exigir atendimento médico imediato.
Como é a transmissão?
A introdução do vírus em novas regiões ocorre principalmente por meio de aves migratórias selvagens. A transmissão para humanos está associada ao contato direto ou indireto com animais contaminados ou ambientes onde há presença de fezes e outros fluidos de animais infectados.
Atividades como depenar, manusear carcaças ou preparar aves contaminadas para consumo também representam fatores de risco para contágio humano. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indica que o risco de infecção existe sempre que há exposição a animais infectados ou ambientes contaminados.
Os casos humanos de gripe aviária são considerados isolados. Nas Américas, foram documentadas aproximadamente 70 infecções humanas nos últimos anos. Deste total, 67 ocorreram nos Estados Unidos até abril de 2022, uma no Equador em janeiro de 2023, uma no Chile em março de 2023 e uma no Canadá em novembro de 2024. Entre todos os casos registrados no continente americano, apenas um resultou em óbito, ocorrido nos Estados Unidos.
A maioria das infecções está relacionada ao contato com criações de gado ou aves. Dos casos registrados, 40 ocorreram exclusivamente em território norte-americano e envolveram contato com bovinos.
Como prevenir em humanos?
Como medidas preventivas, recomenda-se evitar contato com aves doentes ou mortas. Ao lidar com aves, é importante utilizar equipamentos de proteção adequados, incluindo óculos, luvas, máscara N95, macacão e botas.
No âmbito alimentar, orienta-se consumir apenas leite e ovos pasteurizados. Também é fundamental garantir o cozimento completo das carnes de aves antes do consumo, eliminando possíveis agentes patogênicos.