O Cruzeiro ainda não se tornou um time estável, mas percebe-se que há uma clara tentativa de encontrar um caminho e batalhar pelos resultados. Se existem carências e problemas visíveis, o que resta é se fechar como grupo e trabalhar em prol do coletivo. Ter um conjunto forte é muito mais importante do que ter um elenco recheado de medalhões ou grandes nomes. É preciso sentir o jogo, vibrar a cada minuto, estar na mesma rotação, com a mesma vontade. Não importando se vai ser de 1 a 0, de três, quatro, cinco.
É tempo também de deixar de lado as polêmicas que teimam em roubar a paz do torcedor para focar nos resultados que têm sido apresentados no Brasileirão, um dos torneios mais equilibrados do planeta. O Cruzeiro iniciou sua trajetória arrancando uma vitória difícil contra o Mirassol, que muitos davam como saco de pancadas, mas que perdeu exatamente um jogo até o momento — justamente o duelo com a Raposa, no Mineirão.
Valorizar o empate importantíssimo contra o São Paulo, no Morumbis, quando o time encontrava-se ainda mais na "lama", depois de uma partida inconcebível contra o Mushuc Runa, pela Copa Sul-Americana.
Depois, a grande performance sobre o Bahia, no Mineirão, o mesmo time comandado por Rogério Ceni que foi ao Allianz Parque na última rodada e derrubou uma invencibilidade de sete jogos do Palmeiras.
E mais recentemente o Vasco, uma equipe que possui limitações evidentes, mas segurou o líder Flamengo em um clássico disputado no Maracanã. Uma vitória em Uberlândia que colocou o Cruzeiro, neste início de jornada, no G4 da Série A.
Cada resultado do time estrelado, claro, vem sendo arrancado a fórceps, mas esta é a realidade que bate à porta em um processo de busca de identidade e de formação. Este não é um time pronto. Está longe de ser. Por isso, é preciso valorizar esses pontos, muito mais do que a exposição negativa das polêmicas que rondam a Toca da Raposa 2.
Em uma semana onde o assunto Dudu domina as conversas, deixou-se pelo caminho a oportunidade de valorizar aspectos positivos de uma vitória importante, além de pontuar que Jardim, mesmo em meio a um cenário disruptivo, vai conseguindo impor características de seu trabalho, tendo também autonomia dentro e fora de campo para executar as ideias de futebol que possui.
Ainda falta muito para o Cruzeiro, como time, como conjunto, como uma equipe de futebol em sintonia, mas é possível vislumbrar um futuro, além de uma boa resposta de parte dos atletas àquilo que se deseja encontrar. O duelo com o Vila Nova é mais um degrau nessa escada. Uma partida que, com certeza, não será fácil, frente a um time que vem fazendo um início de Serie B interessante e flerta há temporadas com o o.
Todavia, pode ser este também o momento de solidificar a força como mandante e emplacar uma sequência de duas vitórias consecutivas na temporada, algo que não acontece desde o Mineiro, com os triunfos frente a Itabirito e Uberlândia.
E isso não é nem de longe celebrar o pouco, o mínimo, é reconhecer o mérito do esforço, as vitórias do grupo e crescer em uma sequência que reserva ainda muitos desafios pelo caminho.