“Não teremos escala para todas as cirurgias.” Essa mensagem tem se tornado frequente nas caixas de entrada dos médicos cirurgiões do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O aviso vem após o fechamento do bloco cirúrgico da unidade por tempo indeterminado, devido à “manutenção dos equipamentos”, segundo o governo de Minas Gerais. A equipe de saúde e os pacientes do bloco operatório foram transferidos para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, junto com a responsabilidade de realizar cerca de 200 cirurgias mensais. Um dos médicos, que não será identificado, descreve a situação no pronto-socorro como “caótica”, com cancelamentos de cirurgias e ausência de previsão para reagendamento – o que pode resultar em uma espera de meses.
“No Amélia Lins, é comum termos uma escala fixa semanal. Em um dia, realizamos de 12 a 15 cirurgias. São casos agendados que precisam ser feitos dentro de um prazo. Desde que fomos transferidos para o João XXIII, essa escala não se mantém. Em alguns dias, metade das cirurgias é cancelada sem aviso prévio aos pacientes”, denuncia o cirurgião. Ele destaca que o Amélia Lins oferece técnicas cirúrgicas em ortopedia que não estão disponíveis em todos os hospitais, o que aumenta significativamente a demanda.
A dificuldade de remarcação agrava a situação, criando uma fila que parece interminável. “A fila é enorme, eu costumo dizer que é infinita. A demanda só cresce e, com os cancelamentos, o problema se torna uma bola de neve. Não é possível definir que um caso é mais urgente que o outro. Temos cirurgias agendadas até fevereiro. Os casos cancelados saem do João XXIII sem previsão de retorno. Não há como oferecer um prazo agora”, lamenta o profissional. Ele relata ainda que, em algumas situações, pacientes viajam mais de 300 km para realizar os procedimentos, mas acabam voltando para casa sem atendimento.
Ainda de acordo com a denúncia, o bloco cirúrgico do HMAL foi completamente esvaziado – móveis e equipamentos foram recolhidos, e as portas permanecem trancadas. A equipe transferida para o pronto-socorro relata dificuldades devido à falta de espaço. “Estamos trabalhando em péssimas condições. O João XXIII já opera com alta demanda de suas próprias cirurgias urgentes. Isso gera transtornos entre as equipes, que sentem estar apenas aumentando a sobrecarga no hospital”, acrescenta o cirurgião.
Apesar das denúncias de demora no atendimento, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) crava que os procedimentos levados ao João XXIII “são de baixa complexidade e curto tempo de internação, entre 24 e 48 horas” e que “não houve nenhum prejuízo para os pacientes”. “Após a cirurgia, o paciente retorna para o HMAL para recuperação até o momento da alta. O Hospital João XXIII possui 8 salas em seu bloco cirúrgico, com capacidade plena para atender às demandas do próprio hospital e as encaminhadas pelo Hospital Maria Amélia Lins, sem qualquer prejuízo assistencial”, afirmou.
Os trabalhadores da saúde do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) se reuniram na tarde desta quarta-feira (8 de janeiro) em uma assembleia para discutir o fechamento do bloco cirúrgico. Durante o encontro, foi formada uma comissão de funcionários encarregada de redigir um ofício direcionado à diretoria da Fhemig, solicitando a normalização dos atendimentos.
Os trabalhadores esperam que, até a próxima quarta-feira (15 de janeiro), a manutenção do bloco operatório seja concluída. Uma nova reunião está agendada para essa mesma data.
“A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) esclarece que não procede a informação de fechamento do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL). A unidade é retaguarda do Hospital João XXIII, pertencente ao mesmo Complexo de Urgência e Emergência, atuando como referência para cirurgias ortopédicas eletivas. Atualmente, os equipamentos do bloco cirúrgico estão em manutenção. Portanto, todas as cirurgias estão sendo realizadas no HJXXIII, sendo executados pela própria equipe do HMAL. Não houve nenhum prejuízo para os pacientes.
Em média, são realizadas cerca de 200 cirurgias por mês no HMAL. São procedimentos ortopédicos de baixa complexidade e curto tempo de internação, entre 24 horas e 48 horas, que estão sendo feitos no João XXIII. Após a cirurgia, o paciente retorna para o HMAL para sua recuperação até o momento da alta.
Lembramos, ainda, que a Fhemig criou o Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência em 2019, centralizando as diretorias e atividades istrativas dos hospitais João XXIII, Maria Amélia Lins e Infantil João Paulo II. A Fundação reitera seu compromisso com os usuários do SUS, garantindo a continuidade nos atendimentos, com qualidade, em suas unidades.
Acrescentamos a informação de que o Hospital João XXIII possui 8 salas em seu bloco cirúrgico, com capacidade plena para atender às demandas do próprio hospital e as encaminhadas pelo Hospital Maria Amélia Lins, sem qualquer prejuízo assistencial.”