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BH tem ao menos 8 furtos por hora, e receptação é obstáculo para combate ao crime
A revenda fácil de produtos furtados fortalece o crime em Belo Horizonte, aponta especialista
A imagem de uma mulher tendo a correntinha de ouro arrancada do pescoço enquanto almoçava no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na última terça-feira (20), é o retrato de um crime que amedronta quem circula pela capital mineira. Por hora, uma média de oito furtos é registrada na cidade — total de 196 por dia. Entre janeiro e abril deste ano, foram ao menos 23.541 casos, conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Na comparação com o mesmo período de 2024, a incidência do delito cresceu 3% — foram 22.788. Na outra ponta, a do combate ao crime, a média é de 11 prisões em flagrante por dia. Conforme dados da PMMG, foram 1.585 detenções do tipo entre janeiro e 20 de maio deste ano. Especialista aponta que, para combater o crime de furto, é preciso colocar um ponto final na receptação.
“Temos diversas lojas na região central que compram e vendem ouro sem se preocupar com a procedência. Precisamos controlar a destinação desse tipo de produto”, afirma Jorge Tassi, especialista em segurança pública. Ele ressalta que, sem um controle eficaz com relação aos receptadores, o combate às gangues, como as que são especializadas em furto de correntes, se torna ineficiente. “A receptação é um dos pilares do crime organizado. O ‘pequeno’ criminoso que furta está ligado a uma máquina industrial”, avalia.
A analista de negócios, Debora Cordeiro, de 29 anos, faz parte do grupo de vítimas de furtos. Ela foi vítima do crime no último dia 31 de março, no bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Era por volta das 14h50 quando recebi uma notificação no aplicativo do rastreador, informando que o carro tinha sido ligado. Na hora, desci correndo até o local e, quando cheguei, ele já não estava mais lá", relatou. O criminoso que levou o carro de Debora não foi preso, e o veículo não foi achado. O que ficou foi a sensação de impotência. “O sentimento que ficou foi de insegurança. Foi tudo muito rápido e fácil. Mesmo com a comunicação à polícia em menos de 10 minutos após o furto, o carro não foi mais encontrado. A parte mais frustrante é saber que ele chegou a ser visto e, ainda assim, conseguiram desaparecer com ele", contou.
PMMG detalha o combate ao crime
Para combater o furto na capital mineira, a Polícia Militar investe em trabalho ostensivo e em tecnologia. “Especificamente em relação ao furto, é importante citar à população que, somente a Polícia Militar, considerando o município de Belo Horizonte, neste ano de 2025, já efetivou mais de 1.585 prisões em flagrante de autores de crimes de furto”, afirmou o capitão Rafael Veríssimo, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
O capitão também destacou que a PM está atenta à atuação da chamada “gangue da correntinha” e que o policiamento em motocicletas tem sido reforçado. “A Polícia Militar está atenta a essa realidade, a esse fenômeno criminal que tem ocorrido, popularmente conhecido como a atuação das 'gangues da correntinha'. De maneira preventiva, os locais com maior incidência contam com o reforço do nosso policiamento ostensivo, sobretudo com o serviço de motocicletas”, explicou.
Além disso, houve um aumento na repressão ao crime de receptação, que alimenta os furtos e roubos. “Quando fazemos um comparativo de janeiro a abril de 2024 com o mesmo período de 2025, a Polícia Militar — considerando apenas a capital mineira — já alcançou um aumento de 12% nas prisões e apreensões de receptadores”, destacou Veríssimo.
Para o capitão, a tecnologia é uma aliada essencial no combate ao crime. Segundo ele, o reconhecimento facial já possibilitou mais de 400 prisões em 2025, a partir da identificação de pessoas com mandados de prisão em aberto circulando pelas vias públicas.
PBH propõe projeto para usar tecnologia na segurança
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) propôs, na última quarta-feira (21), na Câmara de Vereadores, o projeto Smart BH. O objetivo é usar a inteligência artificial para monitorar ruas e identificar infratores, foragidos da Justiça, pessoas desaparecidas e veículos roubados. Segundo o secretário municipal de Segurança e Prevenção, Márcio Lobato, além da ampliação do número de câmeras, o foco será adotar softwares que processem essas imagens de forma inteligente e eficaz. “O foco principal, quando você coloca uma câmera, é o crime patrimonial. É justamente não só inibir, mas também permitir identificar e prevenir esses criminosos”, afirmou Lobato. Ele defende que o sistema permita uma atuação mais estratégica das forças policiais. “Por exemplo, se sei que está tendo muito furto na avenida Antônio Carlos, consigo potencializar meu trabalho de prevenção naquela área”, explicou.
A proposta do Executivo municipal é bem-vista pelos lojistas da capital mineira. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, a iniciativa pode trazer avanços para a segurança. “Temos bons exemplos de como essa ferramenta contribui para a segurança de cidadãos, patrimônios públicos e privados. O programa Olho Vivo trouxe um grande avanço para a segurança da cidade, ou por uma modernização com o Centro de Operações e, agora, com a possibilidade de utilização de novas tecnologias, esperamos que os casos possam ser resolvidos com maior agilidade e precisão”, afirmou.
Dicas da PM para evitar furtos
O capitão Rafael Veríssimo também destacou dicas de segurança para autoproteção, especialmente em locais públicos e de grande circulação:
- Portar apenas objetos essenciais ao deslocamento;
- Evitar carregar bens de alto valor de forma exposta;
- Em momentos de lazer, priorizar locais mais reservados e manter estado de atenção.
Como denunciar?
A PMMG orienta que, em caso de furto ou roubo, o acionamento seja imediato. Isso aumenta a chance de rastreamento e prisão em flagrante.
- Disque 181 – Denúncias anônimas
- Disque 190 – Emergências policiais
Relembre casos
Na terça-feira (20 de maio), imagens do circuito de segurança de um restaurante registraram o momento em que uma mulher teve seu colar roubado enquanto almoçava. O caso ocorreu na avenida João Pinheiro, no bairro de Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
A vítima estava na área externa do restaurante quando o assalto aconteceu. Um homem se aproximou por trás e puxou o colar. Surpreendida, a mulher não pôde reagir, já que havia grades no espaço onde ela se encontrava.
Em outro caso recente, um trio foi detido pela Polícia Militar de Minas Gerais no bairro Gutierrez, região Oeste da capital. Na segunda-feira (12 de maio), os militares encontraram uma vítima que havia acabado de ter sua correntinha de ouro roubada por três indivíduos.
Durante as buscas, os suspeitos foram localizados em um carro e abordados pela PMMG. Com o trio, os policiais apreenderam duas correntinhas de ouro, quatro celulares, R$ 50 em dinheiro e o veículo utilizado na fuga.