As invasões às sedes dos Três Poderes, em Brasília, há exatamente um ano, já custaram cerca de R$ 21 milhões aos cofres públicos. O montante foi destinado para reparações de vidraças, móveis, objetos e obras de arte. O cálculo, porém, não inclui as peças que ainda aguardam reparação ou aquelas que foram definitivamente perdidas.
Estimativa inicial do prejuízo dos Poderes:
O prédio mais destruído foi o do Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, a Corte precisou desembolsar cerca de R$ 12 milhões para recuperar a estrutura e o patrimônio danificados. Só a destruição no edifício-sede gerou prejuízo de R$ 8,6 milhões, com 951 itens que foram furtados, quebrados ou completamente destruídos.
Já a despesa para reconstrução do plenário, com troca de carpetes, cortinas e outros, chegou ao patamar de R$ 3,4 milhões. De acordo com a assessoria de imprensa do Supremo, até o momento foram restaurados 116 itens. Veja a lista abaixo:
Além disso, há três espelhos e nove cadeiras que não tiveram a restauração concluída. Outros 15 objetos, os quais sofreram danos mais substanciais, estão atualmente em fase de análise. Entre eles, vasos e mobiliários que, apesar do vandalismo, ainda são íveis de recuperação.
Por outro lado, de acordo com o STF, um total de 106 itens históricos de valor inestimável foram perdidos. Esculturas e móveis, que foram despedaçados e não podem ser restaurados ou substituídos, fazem parte dessa lista.
Muitos desses itens foram alvo de roubo ou furto durante a invasão ocorrida há um ano. Um exemplo emblemático é a escultura "Os dois magistrados", esculpida por Remo Bernucci em 1960, representando uma simulação de rocha vulcânica.
Nas duas sedes do Poder Legislativo, os custos da destruição somaram quase R$ 5 milhões. Foram R$ 2,7 milhões para a Câmara dos Deputados e R$ 2,2 milhões para o Senado.
Pela Câmara, a maior parte do montante foi gasto para recuperar bens do acervo cultural, como pinturas, esculturas, presentes protocolares e painéis. As principais obras de arte dos salões da Casa foram reparadas ou higienizadas. Entre elas:
Duas maquetes do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes, localizadas no Salão Verde, ainda estão em restauração. Já dos 46 presentes dados por chefes de Estado e delegações estrangeiras, 38 foram recuperados, seis estão em processo de restauro e dois foram perdidos.
Os serviços de recuperação das instalações físicas no edifício principal e nos anexos do Senado, como vidros, carpetes, cadeiras, janelas, mesas e outros itens, totalizaram gastos de R$ 889,4 mil. Já a recuperação de obras e objetos históricos custou, até o momento, R$ 483,1 mil. Entre elas:
As peças em questão foram submetidas a uma série de danos, incluindo a remoção de partes, exposição a água e urina, impacto de poeira e resíduos de vidro, lascas, amassados, rasgos, arranhões, contaminação por espuma de extintor de incêndio, além de terem sido dobradas ao meio.
No caso dos quadros dos ex-presidentes, foi necessário que fossem repintados pelo autor, o pintor Urbano Villela. A última reinstalação ocorreu em outubro, no Salão Nobre do Congresso: uma tapeçaria do artista plástico e paisagista Burle Marx. Agora, restam apenas duas obras a serem entregues.
A próxima entrega deve ser um vermelho de Athos Bulcão, instalada também no Salão Nobre e com conclusão prevista para este ano, mas sem data marcada. Já em projeto a ser desenvolvido separadamente, falta o restauro do quadro “Ato de da Primeira Constituição”, pintado no século 19 pelo artista Gustavo Hastoy.
Com a tela solta na moldura da parte inferior, a obra precisará de um serviço especializado, ainda a ser contratado. Os estudos estão em fase inicial e o serviço está orçado em R$ 800 mil.
No Palácio do Planalto, um documento enviado pelo Executivo à MI do 8 de janeiro estimava um prejuízo inicial de R$ 4,3 milhões. Diversos itens históricos permanecem aguardando o início do processo de restauração. Nesse contexto, o valor total dos rombos aos cofres públicos ainda não pode ser determinado, uma vez que os procedimentos de restauração estão pendentes de início.
O principal deles é o relógio histórico Balthasar Martinot Boulle, dado no século XVII ao imperador do Brasil e de Portugal, Dom João 6º, e a caixa de André Boulle. O Acordo de Cooperação Técnica, a ser feito em parceria com a Suíça, está em fase de formalização e a reparação do objeto é bastante delicada.
Além disso, receberam cuidados de equipes de engenharia, patrimônio e curadoria dos Palácios Presidenciais, as seguintes obras:
Por fim, itens que compõem a estrutura do edifício do governo federal, como vidraçaria, parte elétrica, elevador, gradil, peças sanitárias, bancadas e tampos de mármore e divisórias foram feitos via contratos de manutenção predial de caráter contínuo, por meio de ordens de serviço, por R$ 297,7 mil.