A redistribuição dos postos-chave da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) deixará a Casa mais alinhada ao presidente Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho. Reeleito para o biênio 2025-2026 no último mês de dezembro, Tadeuzinho terá aliados à frente de cargos estratégicos da ALMG, desde a presidência da Comissão de Constituição e Justiça até a liderança do bloco “Avança Minas”, um dos dois da base do governo Romeu Zema (Novo).
O deputado estadual Noraldino Júnior (PSB), que, conforme adiantou O TEMPO, será indicado para a liderança do “Avança Minas”, é um dos parlamentares do círculo de Tadeuzinho. Apesar de enfrentar a resistência do governo Zema, a indicação de Noraldino para a liderança teria nascido entre os deputados mais próximos ao presidente da ALMG. Entre os nove partidos que formam o “Avança Minas”, por exemplo, está o MDB, legenda do próprio Tadeuzinho.
A liderança era disputada pelos deputados Roberto Andrade (PRD) e Bosco (Cidadania), que são próximos ao governo Zema. Enquanto Bosco é um dos vice-líderes do Palácio Tiradentes na ALMG, Andrade foi líder do governo na última legislatura, entre 2019 e 2022, e seria candidato à presidência da Casa, contra o mesmo Tadeuzinho, caso o governador tivesse viabilizado a articulação, que não teve o número suficiente de votos.
Os deputados do círculo do presidente também vão presidir as comissões de Constituição e Justiça e de istração Pública, duas das três consideradas canônicas. O ex-presidente da Comissão de Redação Doorgal Andrada (PRD) substituirá Arnaldo Silva (União Brasil) na presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Embora seja da base de Zema, Doorgal teve atritos com o governo quando cedeu o assento na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária para Sargento Rodrigues (PL).
Já o ex-presidente da ALMG Adalclever Lopes (PSD), que assumiu o mandato após a renúncia de Douglas Melo (PSD), eleito prefeito de Sete Lagoas, região Central de Minas Gerais, assumirá a presidência da Comissão de istração Pública, substituindo Leonídio Bouças (PSDB). Como ex-presidente, Adalclever teve a liberdade de Tadeuzinho para escolher qual colegiado ou qual liderança gostaria de assumir. Antes de migrar para o PSD, ele foi correligionário do presidente no MDB.
Além de Noraldino, Doorgal e Adalclever, Tadeuzinho já tem aliados nas lideranças do governo Zema e da oposição. Enquanto o presidente trata o líder do governo e correligionário, João Magalhães (MDB), como um “padrinho”, o líder da oposição, Ulysses Gomes (PT), é um dos parlamentares mais próximos a Tadeuzinho na ALMG. Tanto Magalhães quanto Ulysses seguem à frente das lideranças.
Um interlocutor do presidente reconhece que Tadeuzinho está dando mais a sua “cara” à ALMG. O movimento repete o ex-presidente e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Agostinho Patrus, que indicou aliados para os postos-chave da Casa após ser reeleito em 2021. À época, entre um mandato e outro na presidência, Agostinho subiu o tom contra Zema depois de o Palácio Tiradentes tentar formar um novo bloco parlamentar.
Apesar da redistribuição de presidências e lideranças para aliados, outro auxiliar de Tadeuzinho rechaça uma ruptura com o governo Zema, mas aponta um movimento de “independência”. “É como se fosse um recado: ‘Deixa que, da ALMG, nós tomamos conta, e vocês tomam conta do governo’”, descreve o deputado, que pediu reserva. Ele ainda observa que o governo não teria do que reclamar, já que Tadeuzinho entregou para o Palácio Tiradentes nos dois últimos anos.
Entretanto, o mesmo deputado cita que Doorgal, por exemplo, mesmo que seja próximo a Tadeuzinho, teria uma boa relação com o governo Zema. Na última quinta-feira (6 de fevereiro), lembra o parlamentar, o futuro presidente da Comissão de Constituição e Justiça participou de uma reunião entre o vice-governador e pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, Mateus Simões (Novo), e prefeitos na Cidade istrativa.
O governo Zema não lançou um candidato à presidência da ALMG na última eleição. Após o fracasso ao tentar articular a candidatura de Andrade em 2023, o Palácio Tiradentes optou por apoiar Tadeuzinho e não interferir no pleito. Uma eventual interferência poderia criar atritos na relação com o Legislativo em meio à necessidade de aprovar pautas caras, como, por exemplo, as privatizações de Cemig e Copasa, já que o presidente foi reconduzido à Mesa Diretora por unanimidade.
Tadeuzinho é cotado como um potencial candidato a vice-governador de uma chapa encabeçada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo de Minas em 2026 e apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entretanto, a pessoas próximas, o presidente da ALMG, que também é especulado para ser indicado ao TCE, assim como o antecessor Agostinho, tem dito que é candidato à reeleição.
A reportagem fez contato com Tadeuzinho e com o secretário de Governo, Gustavo Valadares, para um posicionamento e aguarda retorno. Tão logo eles se posicionem, a manifestação será acrescentada. O espaço segue aberto.