DÍVIDA DE MINAS

Vice de Zema irá à Assembleia Legislativa para apresentar Propag a deputados f6aa

Pré-candidato a governador em 2026, Simões deve explicar termos de adesão aos parlamentares na próxima quinta (8 de maio), às 9h30 5e5938

Por Gabriel Ferreira Borges
Atualizado em 06 de maio de 2025 | 21:45
 
 
O vice-governador Mateus Simões (Novo) foi o responsável por levar pessoalmente à ALMG as propostas de privatização da Cemig e da Copasa em novembro de 2024 Foto: Alex de Jesus | O TEMPO

Pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, o vice-governador Mateus Simões (Novo) irá à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para apresentar os termos de adesão ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados com a União (Propag) aos 77 deputados estaduais. A apresentação está prevista para a próxima quinta-feira (8 de maio), às 9h30.

A reunião acontecerá na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. “É o momento em que o governo vai apresentar aos deputados da Casa o que está pensando do Propag para que depois dê o encaminhamento (à proposta) na Casa”, confirmou o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, Zé Guilherme (PP).

Durante a abertura do 40º Congresso dos Municípios Mineiros nesta terça, Simões já havia sinalizado que iria à ALMG. “(...) Na quinta, devemos fazer uma grande reunião de exposição sobre os detalhes desses projetos para que eles sejam apresentados de forma pública primeiramente aos deputados, até por respeito a eles, que são os que devem fazer essa discussão”, pontuou o vice-governador.

A reunião será no dia seguinte à chegada do Propag à ALMG. Com 11 propostas ao todo, o pacote de adesão incluirá três já protocoladas. A primeira, em banho-maria desde outubro de 2023, é a proposta de Emenda à Constituição (PEC) para quebrar a obrigatoriedade de realizar um referendo popular e de quórum qualificado para privatizar estatais, como, por exemplo, a Cemig e a Copasa.

As duas restantes são os projetos de lei para transformar a Cemig em uma corporação e privatizar a Copasa. Desde novembro de 2024, quando o próprio Simões, ao lado do então secretário de Governo e hoje deputado estadual, Gustavo Valadares, protocolou os textos pessoalmente, os projetos não foram recebidos pelo presidente da ALMG, Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho.

O governo Zema defende que a transformação da Cemig em uma corporação é o modelo mais adequado para entregá-la à União. “Não posso entregar (a empresa) do jeito que está, porque senão o governo federal teria que pagar R$ 30 bilhões, e não quer pagar. Então, tem que aprovar (a mudança) na ALMG”, justificou Simões, em entrevista a O TEMPO no último mês de abril.

O valor citado pelo vice-governador se refere ao mecanismo conhecido como “tag along”, previsto na Lei das SA/s - 6.404/1976. Em caso de venda de uma empresa pública listada na Bolsa de Valores, o comprador deve oferecer a acionistas minoritários que têm ações ordinárias pelo menos 80% do valor proposto para o acionista majoritário, que, neste caso, é Minas Gerais, com 50,97% das ações. 

Já a proposta de privatização da Copasa não prevê sua transformação em uma corporação. O governo Zema iria se desfazer dos 50,03% das ações para direcionar os recursos para cumprir contrapartidas exigidas pelo Propag para reduzir a taxa nominal de juros de 4% prevista no indexador atrelado à dívida com a União. “O governo federal disse que não tem interesse em receber a Copasa”, afirmou Simões.

Caso um Estado utilize as economias com os juros em investimentos nas áreas de educação, infraestrutura e segurança pública, ele poderá reduzir a taxa de juros do indexador atrelado à dívida com a União entre 0,5 e 2 pontos percentuais. A fórmula de correção dos débitos é formada pelo IPCA, mais uma taxa nominal de 4 pontos percentuais.       

Nesta terça, o vice-governador reforçou que cabe ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definir quais ativos aceitará para abater a dívida de cerca de R$ 160 bilhões de Minas com a União. “Se elas vão ser vendidas para que o dinheiro seja revertido para o Propag ou se elas vão ser federalizadas, é uma decisão que depende do governo federal”, destacou Simões.

Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, Beatriz Cerqueira (PT) ironizou o governo Zema. “O governo Zema tem essa mania de, em vez de cumprir a sua tarefa, a sua obrigação, rivalizar com o governo federal, com Lula e com o PT. Vamos governar o Estado? Traz os projetos pra cá (ALMG)”, rebateu a deputada.