ACORDOS

A nove meses da eleição, Alcolumbre é favorito à sucessão de Pacheco no Senado

Senador conta com apoios da esquerda à direita, incluindo o do atual presidente, e enfrenta oposição isolada

Por Levy Guimarães
Publicado em 27 de maio de 2024 | 08:07

BRASÍLIA - A presidência do Senado e do Congresso Nacional pode ter o retorno de um antigo ocupante a partir de fevereiro de 2025. O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) é considerado amplo favorito para suceder o atual presidente, o senador mineiro Rodrigo Pacheco (PSD), mesmo faltando nove meses para o pleito.

Antes visto como um parlamentar discreto, Alcolumbre comandou o Senado de 2019 a 2021. No período, manteve boa relação com o governo Jair Bolsonaro (PL), do qual teve apoio para chegar à chefia do Poder Legislativo no período. Ao mesmo tempo, evitou embates com a oposição e construiu pontes com o MDB, partido que derrotou na eleição à presidência da Casa, em 2019.

Agora, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma característica não mudou: a boa relação e até a influência no governo, com a indicação de ministros na Esplanada. Apesar de manter alguma distância ideológica em relação à esquerda, o senador conta com a simpatia de boa parte dos governistas na Casa, inclusive petistas.

Mesmo não estando mais à frente do Legislativo, nos corredores do Senado ele ainda é chamado por alguns parlamentares de "meu presidente", evidenciando sua influência. Além disso, Alcolumbre preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante do Parlamento, o que dá a ele poder de negociação com os senadores, setores da sociedade e outros Poderes.

Outro trunfo do amapaense é a proximidade com Rodrigo Pacheco. Em 2021, foi um dos fiadores da vitória do senador mineiro na disputa pelo comando do Congresso, o que se repetiu em 2023. Além disso, o atual presidente tem confiado ao aliado a articulação de projetos importantes e não esconde que o apoiará na eleição de fevereiro do ano que vem.

O movimento de Pacheco é importante para Alcolumbre para frear possíveis candidaturas do PSD, partido que tem a maior bancada do Senado. É comum a legenda que detém a presidência querer permanecer no poder, mas pelo apoio do mineiro ao senador amapaense, o cenário é tido como distante no momento.

Além disso, Alcolumbre tem apoios em praticamente todas as bancadas da Casa, da esquerda à direita. O MDB, outra sigla influente no Senado, não descarta lançar um nome próprio, mas algumas de suas lideranças tendem a cerrar fileiras pelo senador do União Brasil. 

Bolsonaristas podem compor com Alcolumbre

Na oposição, o PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, se divide sobre a eleição. O partido avalia lançar um nome para marcar posição e se contrapor à maioria governista da Casa. Entre os cotados, estão Rogério Marinho (RN), que concorreu contra Pacheco em 2023, e Tereza Cristina (MS).

Um dos fatores que pesa contra a candidatura própria é que, após a derrota de Marinho para Pacheco, o bloco de oposição (PL, PP, Republicanos e Novo) foi excluído da divisão das presidências das comissões temáticas, por não ter feito parte da composição vitoriosa. Integrantes do PL avaliam que compor com Alcolumbre viabiliza o o a espaços importantes de comando e até na Mesa Diretora, tendo em vista que o partido tem uma das maiores bancadas da Casa.

Além disso, bolsonaristas não veem com maus olhos a figura de Davi Alcolumbre. Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cargo que ocupará até janeiro de 2025, já pautou matérias como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte de qualquer quantidade de drogas no país e a PEC que limita as decisões monocráticas de ministros dos Tribunais Superiores.

Outras candidaturas

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) foi a primeira a anunciar uma pré-candidatura à chefia da Casa, em março. No lançamento da campanha, estava a presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), que indicou um apoio oficial do partido à iniciativa.

Porém, também é possível o lançamento de candidaturas “avulsas”, sem a benção formal da respectiva legenda. Pode ser o caso, por exemplo, de Eliziane Gama (PSD-MA), que nos bastidores demonstra interesse na disputa. A parlamentar busca o apoio de outras componentes da bancada feminina.

Também dentro do PSD, sigla de Rodrigo Pacheco, outro nome que não descarta concorrer ao pleito é o senador  Ângelo Coronel (PSD-BA). Em 2019, recém-chegado no Senado, ele chegou a lançar candidatura de forma avulsa.