QUEBRA DE DECORO

Instituto apresenta representação no Conselho de Ética contra senadores após ataques a Marina Silva

Ministra do Meio Ambiente sofreu ataques durante bate-boca em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado na última terça-feira (27)

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 29 de maio de 2025 | 19:48

BRASÍLIA — O Instituto Vladimir Herzog apresentou uma representação no Conselho de Ética do Senado Federal contra os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM) pelas declarações dirigidas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência pública da Comissão de Infraestrutura na última terça-feira (27). O grupo sugere a adoção de medidas contra os parlamentares pelos ataques.

“O instituto se sentiu na obrigação de entrar com uma representação junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e à Comissão de Ética, para que todas as medidas fossem tomadas contra os senadores”, argumentou o diretor do Vladimir Herzog, Rogério Sottili, à Folha de S. Paulo. A representação cita que os senadores desrespeitaram o código de conduta do Congresso Nacional e feriram o decoro parlamentar.

As representações protocoladas são analisadas pelo Conselho de Ética. Hoje o presidente do colegiado é o senador Jayme Campos (União Brasil-MT); o vice-presidente é Eduardo Braga (MDB-AM). O grupo se reuniu pela última vez em julho do ano ado; ainda não há reuniões marcadas para 2025.

Marina Silva avalia apresentar queixa contra senador

A ministra Marina Silva antecipou na terça-feira que avalia protocolar uma queixa-crime contra o senador Plínio Valério pelos ataques sofridos durante a audiência. Ela participava da sessão a convite dos senadores, que cobravam explicações do Ministério do Meio Ambiente sobre unidades de conservação marinha no Amapá. Bate-bocas com o presidente da Comissão de Infraestrutura, Marcos Rogério, e com Valério, que é membro do colegiado, levaram a ministra a se retirar do plenário após quatro horas de sessão.

O desconforto começou a escalar quando Marcos Rogério cortou o microfone de Marina, que continuou a falar. Irônico, o presidente disse: "essa é a educação da ministra, mas não vou me intimidar". Ela rebateu: "o senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou". O senador, então, continua o bate-boca e diz que a ministra deveria se colocar "em seu lugar". A declaração gerou reações imediatas da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e do vice-líder do governo no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), que saíram em defesa de Marina.

Poucos depois dessa confusão, Plínio Valério disse no microfone que respeitava Marina como mulher, mas não como ministra. O tucano coleciona indisposições e agressões contra ela. Em março, ele disse que teve vontade de enforcá-la durante uma audiência da I das ONGs no Senado.