VAGA AO STF

Posição garantista de Zanin é ‘louvável’, diz Flávio Bolsonaro em sabatina

Senador se diz satisfeito com respostas do indicado de Lula ao STF, mas critica ‘pessoalidade’ da indicação

Por Levy Guimarães
Publicado em 21 de junho de 2023 | 17:12

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, fez elogios à conduta do advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (21). No entanto, criticou outros aspectos da indicação.

“Óbvio que conheço a posição do senhor na sua advocacia, garantista que é, e acho que isso é algo louvável na sua indicação”, disse, durante a reunião da CCJ.

Após ter inquirido Zanin na sabatina, Flávio Bolsonaro afirmou ser “positivo” o fato de o candidato à vaga no STF ter sido advogado.

“Uma coisa que pesa de positiva é o fato de o indicado ser advogado, que já esteve dos dois lados do balcão, normalmente tem mais sensibilidade com relação ao cumprimento da legislação. E por outro lado, que é difícil superar, é a questão da impessoalidade, da vinculação dele com o presidente que está indicando”, apontou.

No entanto, o senador disse que não revelaria seu voto porque “não queria ter aumentada a perseguição” contra ele. Na avaliação de Flávio, a indicação fere o princípio da impessoalidade, devido à relação próxima de Zanin com Lula e por ter sido advogado pessoal dele nos processos da Lava Jato.

O parlamentar também avalia que Zanin terá seu nome aprovado sem dificuldades e com uma “votação expressiva”, tanto na CCJ como no plenário.

As perguntas de Flávio a Zanin

Na pergunta que fez a Cristiano Zanin, Flávio Bolsonaro fez referência ao processo envolvendo o pai, que será julgado amanhã (22) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode se tornar inelegível caso o TSE o condene.

Flávio repetiu o argumento de Jair Bolsonaro, de que o caso é análogo ao julgamento da chapa Dilma/Temer, em 2017, em que os réus foram absolvidos pois as provas se refeririam a fatos posteriores às eleições de 2014.

“O senhor acha que processos instruídos sem o devido processo legal ou com provas fora do prazo legal são íveis de nulidade?” perguntou Flávio.

“Os processos têm um rito e cada fase que é encerrada não deve ser reaberta.  Apenas em casos excepcionais, e desde que não haja prejuízo ao processo. O juiz ou o relator pode entender que é possível ajuntar a posteriori algum tipo de material. Mas a reta deve ser a observância e o rito das fases do processo”, respondeu Zanin.

Zanin também disse não conhecer o caso concreto do ex-presidente Bolsonaro e não poderia falar se conhecesse, já que pode vir a julgar a matéria caso chegue ao STF.

O senador fez um segundo questionamento ao indicado, ainda em referência aos processos que têm como alvo o ex-presidente.

“O que o senhor pensa sobre a famigerada prática, no Direito, de fishing expedition, pescaria onde se joga uma rede, puxa e vê o que vem agarrada nela, mesmo sem fundamento legal nenhum?”.

“É uma prática que deve ser condenada, porque o Estado não pode eleger alguém como alvo e depois buscar provas contra esse alvo. Na verdade, a atividade de persecução deve ser justificada na sua origem e seguir todos os ritos previstos em lei para ser legítima. Os tribunais, inclusive, têm anulado diversas investigações e processos com base na prática de fishing expedition. Então, eu entendo que não é uma prática aceitável dentro do devido processo legal”, respondeu o advogado.

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