COMPRA PÚBLICA

Lula diz que vai comprar 'alguns aviões' após problema no ar em retorno do México ao Brasil

O presidente contou que já pediu propostas para o ministro da Defesa e que as novas aeronaves devem atender também seus ministros

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 11 de outubro de 2024 | 14:38

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que o governo federal irá comprar novos aviões. Ele indicou que uma aeronave deve substituir o Aerolula - que enfrentou problemas no retorno do México com o petista e outras autoridades - enquanto outras devem ficar à disposição de sua equipe ministerial.

“Desse problema [no México], nós tiramos uma lição. Nós vamos comprar não apenas um avião, mas é preciso comprar alguns aviões”, disse ele frisando que o Brasil, “um país grande”, exige “preparação”. “Não dá para a gente ser pego de surpresa”, destacou nesta sexta-feira (11), em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza (CE).

Lula informou que já solicitou ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, propostas para a compra de aeronaves.

"Nós vamos comprar um avião para o presidente da República entendendo que a ignorância não pode prevalecer. Um avião para o presidente da República não é um avião para o Lula, ou para o Fernando Henrique Cardoso, ou para o Bolsonaro ou para quem foi presidente. Não. O avião é um avião para a instituição Presidência da República, quem quer que seja eleito presidente”, explicou. 

“Nós vamos comprar e vamos comprar alguns outros aviões porque é preciso os ministros viajarem. A gente não governa o Brasil com um ministro ‘coçando’ lá em Brasília. Ministro tem que viajar, tem que fazer entrega, tem que conversar com prefeito, com governador, com o povo”, justificou o presidente. 

Ele também destacou que, por muito tempo, foi "muito comedido" e, ao ter a oportunidade, adquiriu o avião "mais barato" e menor para atender ao presidente da República. A aeronave, conhecida como Aerolula, foi explorada durante a campanha presidencial de 2006. 

O presidente afirmou que "já superou isso". “É um risco que a gente não pode ar. A gente tem que evitar porque tem que ter cuidado com a instituição, com as autoridades que têm que viajar para cumprir compromissos com o Brasil”, declarou. 

Detalhes de voo

Lula também contou detalhes do voo que enfrentou falhas no retorno do México ao Brasil em 1º de outubro. Na ocasião, foi identificado um problema logo após a decolagem, o que obrigou a aeronave a rodar em círculos por quatro horas para esvaziar o tanque e poder retornar ao aeroporto da Cidade do México em segurança. 

Na ocasião, o avião deu 50 voltas no ar e o piloto chegou a pedir a presença de bombeiros na pista. Lula estava com a primeira-dama, Janja da Silva, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, o futuro presidente do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo e ministros. Eles retornaram ao Brasil no mesmo dia, em um avião reserva. 

O presidente contou que já tinha ado por situações mais leves, mas “sem tremedeira de avião”, como foi desta vez. “O que aconteceu foi que a gente já estava andando na pista, o barulho já estava diferente e quando a gente levantou voo, aconteceu alguma coisa. O avião estava com um ronco diferente, trepidava muito. Eu logo levantei para saber com o piloto o que estava acontecendo”, relatou. 

De acordo com Lula, os pilotos estavam nervosos “vendo como iam sair daquela situação”. "Falaram 'assim que a gente tiver informação, vamos lhe ar’. Aí disseram que o avião estava seguro, tinha uma turbina com problema, mas a outra estava bem. ‘Já pedimos emergência para o aeroporto e vamos ficar circulando por duas horas até esvaziar um pouco o tanque, que está muito cheio. Se a gente pousar com o avião pesado, poderá acontecer um acidente'”, contou sobre o que ouviu do piloto. 

Lula afirmou que depois de duas horas rodando no ar, voltou para questionar o piloto sobre os próximos procedimentos e foi informado de que ficariam mais duas horas e meia para esvaziar o tanque até o pouso. 

“Obviamente que o pessoal fica preocupado. Eu pedi para servir o almoço para o pessoal comer, até fiz uma brincadeira estúpida dizendo que era preciso comer porque a gente não sabia se tinha comida no céu, ‘então vamos comer agora enquanto tem aqui’. Mas graças a Deus o avião pousou normal”, lembrou. 

O petista citou que “todo mundo teve tempo de repensar sua vida” e que algumas pessoas estavam com mais medo - “algumas que não deveriam ter medo”. “Foram quatro horas e meia em que eu pensei muito no que eu tinha feito na vida, o que tinha para fazer. E você pensa como ser humano", disse.